MADEIRA Meteorologia

‘Flores do Povo’ em exposição no Museu Etnográfico

Data de publicação
10 Maio 2024
11:41

O Museu Etnográfico da Madeira vai associar-se às comemorações da Festa da Flor com uma oficina comunitária, cujo propósito é dar a conhecer as ‘flores de arraial’, concebidas pelo povo para ornamentar o espaço das festas e romarias ao longo dos séculos.

A oficina que irá elevar este ‘saber-fazer’, passado de geração em geração e que faz parte do património cultural imaterial, terá lugar no espaço exterior do museu, junto à Rua de S. Francisco, das 10h00 às 12h00 e das 14h30 às 16h30, do próximo dia 14 de maio, terça-feira.

Nesta mostra irão participar todos os funcionários da equipa do museu, assim como visitantes, alunos e utentes das diversas instituições do concelho, “procurando estreitar os laços com toda a comunidade”, conforme denota um nota de imprensa.

Refira-se que a matéria-prima utilizada na confeção destes artefactos será, na sua maioria, material reutilizado, recolhido pela equipa do museu.

Aquele espaço será, depois, ornamentado com as flores feitas por toda a comunidade, e a instalação ficará patente ao público até 26 de maio.

Sobre as ‘flores de arraial’

As flores, que parecem ter ocupado desde tempos imemoriais um lugar especial na vida dos homens, são usualmente utilizadas em todos os ritos de passagem, desde o nascimento até à morte. Já os povos pagãos acreditavam nos seus poderes mágicos, utilizando-as em diferentes práticas, associadas à fertilidade ou à abundância.

Algumas dessas consagrações florais, com raízes muito antigas, foram adotadas e transformadas pela Igreja e permanecem em muitas festividades religiosas, como é o caso das flores utilizadas para decoração do interior dos templos, durante as solenidades religiosas ou para ornamentar o espaço envolvente, onde terá lugar o arraial.

  • ‘Flores do Povo’ em exposição no Museu Etnográfico

Utilizavam-se flores naturais, as chamadas ‘flores da época’, colhidas nos campos, ou confecionavam-se flores de papel. A sua confeção era uma dessas tarefas comunitárias, que reunia dezenas de pessoas, aos serões, alguns meses antes da festa, sendo estes momentos propícios para fazer uma pausa no trabalho e sociabilizar, aproveitando os mais jovens para namorar, pois eram poucas as ocasiões em que as raparigas saíam de casa.

Esta variedade de flores era inspirada em diferentes espécies botânicas, nomeadamente os ‘cravos’, as ‘flores de ervilha’, os ‘cachinhos de uva’, ou adquiriam outras designações populares, relacionadas com a utilização dessas espécies no quotidiano, como é o caso das ‘flores de anjo’. São os cortes e dobragens do papel que definem a morfologia (número de pétalas e forma das flores.

Mais tarde foram vulgarizadas as flores com uma morfologia que exigia uma conceção mais simples, a que o povo designava por ‘flores dos tontos’, atendendo ao facto de a sua simplicidade, como nos explicaram, ‘permitir que fossem feitas por qualquer tonto’.

Eram recortados pequenos quadrados, que eram depois dobrados em ‘forma de fole’, ou de ‘acordeão’ e amarrados no centro. Usavam uma das extremidades de um arame para amarrar o centro de uma flor e a outra extremidade para uma outra.

Estes pares de flores eram colocados em longos arames, utilizados para ornamentar o espaço, designados por ‘corriolas’. Esta é a morfologia mais comum, utilizada na confeção das flores de plástico de diferentes cores, usadas atualmente nos arraiais e que foram feitas nesta oficina.

OPINIÃO EM DESTAQUE

88.8 RJM Rádio Jornal da Madeira RÁDIO 88.8 RJM MADEIRA

Ligue-se às Redes RJM 88.8FM

Emissão Online

Em direto

Ouvir Agora
INQUÉRITO / SONDAGEM

O presidente do Marítimo tem condições para continuar no cargo após agredir um adepto?

Enviar Resultados

Mais Lidas

Últimas