A atribuição do Mundial2034 de futebol à Arábia Saudita, hoje oficializada, “coloca vidas em perigo e revela o vazio dos compromissos da FIFA em termos de direitos humanos”, denunciaram 21 Organizações Não-Governamentais (ONG) e associações representantes de adeptos.
“Hoje, não faltam provas: trabalhadores migrantes explorados e vítimas de racismo, ativistas condenados a décadas de prisão por se expressarem pacificamente, mulheres e pessoas LGBTQIA+ que enfrentam discriminação legalizada, ou até residentes expulsos à força para dar lugar a projetos estatais”, lê-se no comunicado de imprensa.
A Amnistia Internacional (AI), a Human Rights Watch (HRW) e a Confederação Sindical Internacional (Ituc), são algumas das signatárias, que também engloba associações representativas de adeptos, como a Sport and Rights Alliance e a Football Supporters Europe (FSE).
As entidades acusam a FIFA de “ignorar” os inúmeros avisos feitos para os riscos do evento para os “residentes, trabalhadores, migrantes e adeptos visitantes” desde que a candidatura saudita foi anunciada no ano passado.
“Sem ações urgentes e reformas abrangentes, o Mundial de 2034 será manchado pela repressão, discriminação e exploração em grande escala”, sublinharam.
Desde a introdução de compromissos em matéria de direitos humanos em 2017, que a FIFA reconheceu “que é responsável por prevenir e mitigar violações e abusos de direitos humanos ligados às suas atividades”, bem como por “remediá-los”, se necessário, lembraram os signatários no texto comum.
A Amnistia Internacional apelou, em 11 de novembro de 2024, que a FIFA devia suspender o processo de candidatura ao Campeonato do Mundo de 2034, e também exigiu uma estratégia credível em matéria de direitos humanos para o Mundial2030, que Portugal coorganiza.
Hoje, a FIFA oficializou durante um Congresso extraordiário que Portugal, Espanha e Marrocos vão organizar o Mundial2030, e a Arábia Saudita vai receber o Mundial2034.