Os fortes e repetidos protestos dos adeptos contribuíram para a Liga alemã de futebol (DFL) abdicar da entrada de investidores privados nas suas duas principais divisões, anunciou hoje o organismo germânico.
“Dados os desenvolvimentos atuais, já não parece possível a continuidade de um processo bem-sucedido”, assumiu Hans-Joachim Watzke, diretor-executivo do Borussia Dortmund e o porta-voz da DFL, cujo comité executivo se reuniu de forma extraordinária em Frankfurt.
Os adeptos alemães têm vindo a insurgir-se contra a intenção da DFL, desde que, em dezembro, o organismo anunciou a intenção de ceder a um investidor externo até 8% dos futuros direitos televisivos, a troco de maior promoção internacional e perto de 1.00 milhões de euros (ME) ao longo de vários anos.
Entre outras ações, perturbaram os jogos ao atirar para o relvado todo o tipo de objetos – entre os quais carrinhos de brincar telecomandados, bolas de ténis e cadeados para bicicletas -, obrigando a paragens frequentes, e por vezes demoradas, dos jogos.
Apesar de uma grande maioria dos 36 clubes das duas principais ligas alemãs concordar com a necessidade de uma parceria empresarial estratégica no negócio, a abertura da Bundesliga a investidores privados resultou em “grandes desentendimentos”, não apenas entre clubes, mas também no seio dos próprios emblemas entre os diversos agentes desportivos.
Se, agora, os 36 clubes votaram, por unanimidade, pelo fim desta ideia, a verdade é que em dezembro foram dois terços os que se revelaram a favor da mesma, incluindo o representante do Hannover 96, do segundo escalão, que contrariou a vontade assumida pela sua instituição em manifestar-se contra.
Dadas as ocorrências nas derradeiras jornadas, a DFL entendeu que a integridade da competição estava a ser posta em causa, pelo que recuou nesta via para “garantir o sucesso sustentável a longo prazo” das suas competições.
As poderosas organizações de adeptos da Alemanha opuseram-se desde logo ao acordo, alegando que todo este processo carecia de transparência e que, na prática, iria conduzir à “comercialização excessiva” do seu desporto.
“É um bom dia para os adeptos do futebol alemão”, disse Thomas Kessen, porta-voz da associação de adeptos ‘Our Curve’.