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Situação em França preocupa candidatos franco-portugueses apostados em vencer legislativas

Data de publicação
27 Junho 2024
10:27

Candidatos de origem portuguesa às eleições legislativas em França mostram-se preocupados com a situação atual do país e declararam-se apostados em vencer, numa altura em que as sondagens dão vantagem à extrema-direita.

Com uma vida política muito ativa, João Martins Pereira entrou no Partido Socialista (PS) francês em outubro de 2014, desempenhando vários cargos internos. Atualmente, com o PS unido na coligação de partidos de esquerda, Nova Frente Popular, é candidato às eleições legislativas em Joinville-le-Pont.

“Para mim é um grande orgulho poder ser candidato nestas eleições, num momento muito difícil para o país, para propor uma alternativa de futuro e progresso frente ao projeto de Macron e da extrema-direita”, disse à Lusa João Martins Pereira, referindo que a coligação conseguiu “juntar mais de 100 propostas comuns, para melhorar o país logo nos primeiros dias do mandato”.

Eleito no Conselho das Comunidades Portuguesas para a área consular de Paris, João Martins Pereira acredita que a decisão do Presidente francês, Emmanuel Macron, de convocar eleições antecipadas foi “muito perigosa”, devido ao risco da extrema-direita poder chegar antecipadamente ao poder, com um “discurso racista, antissemita, machista que já tem total liberdade nos meios de comunicação”.

Maxime da Silva, também candidato da coligação de esquerda no círculo eleitoral que abrange os cidadãos franceses em Portugal, Espanha, Andorra e Mónaco, garante que a esquerda está unida e que é a única alternativa para a França.

“Lamento desiludi-los [aos adversários políticos], mas a esquerda francesa está unida, está a lutar, está pronta a governar para mudar a vida dos franceses e tem um programa claro que nenhuma divisão mudará: é a Nova Frente Popular”, disse Maxime da Silva em declarações à Lusa.

O deputado, de origem portuguesa e neto de um ‘pied noir’ (designação francesa de cidadão europeu que viveu no norte de África), acredita que a Nova Frente Popular pode ganhar as eleições com a união de “forças sociais, sindicatos e associações”, empenhados em apelar ao voto, que dá “esperança de uma França feliz”, com seriedade orçamental e capacidade de governação.

Na Assembleia Nacional há sete anos pela França Insubmissa, Maxime da Silva trabalha como deputado responsável pelos franceses no estrangeiro há cinco anos, com uma carreira política “enraizada na esquerda, nos movimentos de defesa das (...) conquistas sociais, da ecologia popular e de uma maior democracia”, desde os tempos da escola, salientou.

O deputado afirmou que “ser oriundo de uma família de imigrantes portugueses, de dupla nacionalidade e de bilingues franco-portugueses” o inspira no combate que trava atualmente ao nível de educação, já que, como não teve a possibilidade de aprender português, não quer que os filhos de franceses no estrangeiro tenham a mesma privação.

Estas são as eleições mais importantes e “a Nova Frente Popular é a única alternativa à extrema-direita”, à União Nacional (RN), e para o seu “trampolim”, o Presidente francês, referiu Maxime da Silva, apelando aos eleitores do RN que, “nas eleições legislativas, rejeitem Macron e elejam uma maioria alternativa credível com a Nova Frente Popular”.

Já no RN, Camille dos Santos de Oliveira, candidata em Haute-Vienne, cedeu o seu lugar no departamento de Creuse a um candidato dos Republicanos, devido à união do seu partido com Éric Ciotti.

“É sempre um enorme orgulho participar na representação do povo francês que, como eu, se levanta todas as manhãs, trabalha e não aguenta mais”, disse a candidata à Lusa, defendendo que o RN não é um partido “de extrema-direita”.

Embora pense nas suas origens portuguesas, pai e avós que são “exemplos de assimilação à francesa”, a candidata afirmou que, no partido, as origens estão em segundo lugar.

“Trabalhamos todos em conjunto para a França”, disse Camille, referindo que o partido acolhe “pessoas de todas as origens, crenças e origens políticas” e, por isso, são “os únicos capazes de proteger os franceses da imigração descontrolada”, que sobrecarrega as finanças públicas e ameaça a segurança do país, com o islamismo latente.

Antes de se juntar ao RN, Camille já tinha votado em Marine Le Pen e, após o nascimento do seu filho, decidiu juntar-se à Reconquista (liderado por Éric Zemmour), pelo qual se candidatou nas legislativas de 2022, mas abandonou o partido por discordar da sua política social.

“Pela nossa parte [RN], estamos prontos. Com Jordan Bardella como primeiro-ministro, vamos reerguer a França”, afirmou Camille, acrescentando que “nem Emmanuel Macron nem a extrema-esquerda estão em condições de propor um verdadeiro projeto de sociedade que vise também a educação e a proteção” das crianças.

As eleições legislativas em França realizam-se em duas voltas, marcadas para 30 de junho e 07 de julho, como prevê o sistema eleitoral francês.

A Lusa contactou outros candidatos franco-portugueses, sem obter respostas em tempo útil.

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