A economia portuguesa cresceu entre 2,1% e 2,4% em 2023, suportada pelo consumo privado e pelas exportações, abaixo dos 6,8% registados em 2022, de acordo com os economistas consultados pela Lusa.
O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulga na terça-feira a estimativa rápida do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023, com os economistas consultados pela Lusa a esperar um abrandamento do crescimento face ao ano anterior, mas com uma taxa em linha com a esperada pelo Governo para 2023 (2,2%).
“A nossa projeção é de 2,4%, mas admitimos riscos de que seja ligeiramente mais baixo, cerca de 2,2%”, prevê Paula Carvalho, economista-chefe do BPI.
A explicar o resultado estará “a resiliência do consumo privado, suportado pelo mercado de trabalho que permaneceu robusto e pelo aumento do rendimento disponível real das famílias”, ainda que “eventualmente o agravamento dos fatores e riscos geoestratégicos globais - guerra Israel-Hamas - poderá ter induzido alguma cautela e reforço das poupanças precaucionais, contendo este impulso”.
Por outro lado, o investimento tendencialmente deverá aumentar, mas por ser uma “componente muito volátil pode registar alguma correção”.
Também os economistas do Banco Montepio – que apontam para um crescimento anual de 2,2% - destacam o contributo da procura interna.
“Estimamos subidas da procura interna, quer do consumo privado (que deverá crescer cerca de 1,2%, em forte abrandamento face a 2022, quando cresceu 5,6%), quer do investimento (com um crescimento previsto de 2,2% do investimento em capital fixo, também em desaceleração face ao crescimento de 3,0% em 2022), prejudicados pela subida das taxas de juro e, no caso do consumo, também pela inflação”, referem.
Já o consumo público deverá crescer cerca de 1,2% - ligeiramente abaixo do crescimento de 1,4% em 2022, acrescentam.
Do lado da procura externa, Paula Carvalho assinala ainda que “as exportações de turismo deverão suportar a parte externa, ainda que seja incerto se serão suficientes para compensar o efeito do arrefecimento/estagnação dos parceiros europeus sob as restantes componentes das exportações”.
Os economistas do Banco Montepio preveem uma subida das exportações superior à das importações, ainda que o crescimento das primeiras caia de 17,4% para 4,8%, entre 2022 e 2023, após a recuperação em 2022 das exportações de serviços de turismo relativamente à crise pandémica.
Por seu lado, economistas do Santander esperam um crescimento do PIB de 2,1%, “suportado pela resiliência da procura interna, nomeadamente o consumo privado, e pelas exportações líquidas”.
Uma taxa também apontada pelos economistas do Millennium bcp, justificada, numa nota de ‘conjuntura’, com o desempenho da procura externa e do consumo privado.
Entre os economistas consultados pela Lusa, a expectativa sobre a evolução do PIB no último trimestre do ano varia em termos homólogos entre 1,2% e 2% e em cadeia entre um crescimento de 0,6% e uma contração de 0,1%.
O BPI espera uma taxa de crescimento homólogo entre 1,7% e 2% e em cadeia entre 0,3% e 0,6%; o Santander de 1,5% em termos homólogos e 0,2% em cadeia; o Banco Montepio de 1,9% face a igual período do ano anterior e 0,5% face ao terceiro trimestre de 2023; e o Millennium bcp de 1,2% em termos homólogos e uma contração de 0,1 em cadeia.