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Chanceler alemão condena “terrorismo contra todos” após ataque com três mortos

Data de publicação
26 Agosto 2024
15:44

O chanceler alemão, Olaf Scholz, qualificou hoje de “terrorismo contra todos” o ataque com faca em Solingen, que matou três pessoas na sexta-feira, e defendeu um melhor controlo do porte de armas e da imigração.

“Foi terrorismo, terrorismo contra todos nós”, afirmou o chanceler alemão durante uma visita à cidade do oeste da Alemanha, manifestando a sua “raiva” contra “os islamistas que ameaçam a coexistência pacífica entre todos nós”.

Um cidadão sírio de 26 anos, alegado autor do ataque, entregou-se à polícia no sábado à noite, por assassínio e tentativa de homicídio, enquanto a organização radical Estado Islâmico (EI) reivindicou a responsabilidade pelo crime.

“Sinto raiva, a minha raiva é dirigida contra os islamistas. Eles têm de saber que não deixaremos de os perseguir”, disse Scholz numa intervenção ao lado do líder do executivo do estado federado da Renânia do Norte-Vestefália, Hendrik Wüst, e do presidente da câmara de Solingen, Tim Kurzbach.

Scholz falou da necessidade de acelerar a expulsão de estrangeiros que não têm direito a permanecer na Alemanha e de conseguir um melhor controlo da migração.

O chanceler alemão também quer maior rigor nos “regulamentos sobre armas”, nomeadamente quanto ao porte de facas, avisando que “isso tem de ser feito muito rapidamente”.

No início do mês, a ministra do Interior, Nancy Faeser, propôs que apenas as facas com lâmina até 6 centímetros pudessem ser transportadas em público, em vez dos 12 centímetros atualmente permitidos.

O ataque decorreu durante um festival que assinalava o 650.º aniversário da cidade, tendo ainda oito pessoas ficado feridas.

Os procuradores federais afirmaram no domingo que o suspeito partilhava a ideologia radical do grupo Estado Islâmico, ao qual se juntou num momento ainda pouco claro, e que estava a agir de acordo com essas crenças quando esfaqueou as suas vítimas repetidamente por trás, no pescoço e na parte superior do corpo.

O pedido de asilo do jovem de 26 anos foi rejeitado e deveria ter sido deportado no ano passado para a Bulgária, onde entrou pela primeira vez na União Europeia (UE), mas a deportação falhou porque ele desapareceu durante algum tempo, segundo a imprensa alemã.

Este facto reavivou as críticas ao Governo em matéria de migração e deportação, uma questão em que há muito é vulnerável.

O Governo tomou medidas para desanuviar a questão, por exemplo, com legislação destinada a facilitar as deportações de requerentes de asilo sem sucesso, aprovada pelos legisladores em janeiro. Lançou também legislação para facilitar a deportação de estrangeiros que aprovem publicamente atos terroristas.

“Temos de fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para garantir que este tipo de coisas nunca aconteça no nosso país, se possível”, afirmou Scholz a propósito do ataque.

“Teremos de fazer tudo para que aqueles que não estão autorizados a permanecer na Alemanha sejam mandados de volta e deportados”, disse, acrescentando que “alargámos enormemente as possibilidades de efetuar essas deportações”.

Scholz afirmou que já se registou um aumento de 30% nas deportações este ano, mas disse que o executivo vai “analisar atentamente” uma forma de “aumentar ainda mais estes números”.

O chanceler afirmou que as medidas de controlo nas fronteiras orientais da Alemanha reduziram o número de imigrantes que chegam “de forma irregular”, mas que também há margem para melhorias.

Scholz discursou ao lado de Hendrik Wüst, governador do estado da Renânia do Norte-Vestefália e membro da oposição conservadora alemã, que há muito critica o Governo em matéria de migração.

Wüst mostrou-se “grato” pelo anúncio de mais medidas, mas frisou que “só os anúncios não serão suficientes” e “a ação deve seguir-se”.

O líder da oposição, Friedrich Merz, da União Democrata-Cristã de Wüst, avisou, no domingo à noite, que é preciso “fazer alguma coisa em conjunto”.

“Temos pessoas na Alemanha que não queremos ter aqui e temos de garantir que não vêm ainda mais”, disse Merz, defendendo que esses migrantes devem ser repelidos nas fronteiras do país.

Também o partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) está a tentar tirar partido do ataque em Solingen, antes das eleições regionais do próximo domingo nos estados da Turíngia e da Saxónia, no leste da Alemanha.

“Höcke ou Solingen” é o ‘slogan’ lançado pela AfD após o ataque, em alusão ao líder do partido na Turíngia, Björn Höcke, que é também o chefe da ala mais radical da força política.

A AfD, que surgiu como um partido eurocético e mais tarde se tornou um agrupamento islamófobo e xenófobo, começou a crescer na cena política alemã após a crise migratória de 2016.

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