O embaixador da China em Moscovo, Zhang Hanhui, defendeu que “nenhuma força pode lançar a discórdia” na parceria “estratégica” russo-chinesa, quando o primeiro-ministro russo, Mikhail Mishustin, inicia uma visita de trabalho a Pequim.
Numa entrevista aos ‘media’ russos hoje publicada, Zhang defendeu que, ao longo dos 75 anos das relações diplomáticas entre os dois países, ambos foram ultrapassando múltiplas dificuldades, focados na construção de relações de boa vizinhança.
“Se mantivermos a confiança mútua estratégica, concentrarmos esforços no desenvolvimento e na prosperidade, fizermos o que tem de ser feito, nenhuma força poderá lançar a discórdia no entendimento sino-russo”, frisou o diplomata.
“Nestes tempos turbulentos, nesta era de mudanças colossais, quanto mais instável o mundo se torna, mais obstáculos os adversários levantam, quanto mais desafios surgirem, mais firme se tornará a confiança entre a China e a Rússia, mais profunda a sua cooperação, mais forte a sua solidariedade”, enfatizou.
O Governo chinês anunciou na segunda-feira que o primeiro-ministro russo estará hoje e quarta-feira na China para uma visita de trabalho.
Mishustin desloca-se ao país a convite do primeiro-ministro chinês, Li Qiang, para participar na 28.ª reunião regular entre os chefes de Governo dos dois países.
O primeiro-ministro russo deslocou-se a Pequim em maio passado, onde foi recebido pelo Presidente chinês, Xi Jinping, que garantiu que a China está disposta a “continuar a oferecer um forte apoio mútuo à Rússia” em questões relacionadas com os respetivos “interesses fundamentais”.
Na mesma ocasião, Xi apelou a um “maior enriquecimento da parceria estratégica entre os dois países” e à “elevação da cooperação a novos patamares em vários domínios”.
Nesta visita de trabalho de dois dias, Mishustin irá encontrar-se em Pequim novamente com Xi Jinping e com o seu homólogo Li Qiang.
Segundo o Governo russo, as discussões estarão focadas no crescimento do volume das trocas comerciais e projetos conjuntos.
As trocas comerciais entre Rússia e China atingiram no final de 2023, pela primeira vez, 200 mil milhões de dólares (182 mil milhões de euros), e 90% das transações são feitas na moeda russa (rublo) ou chinesa (yuan), de acordo com Moscovo, dispensando o dólar dos Estados Unidos, país encarado pelos dois regimes como um rival estratégico.
Na capital chinesa encontraram-se também recentemente o presidente da Duma (câmara baixa do parlamento russo), Viacheslav Volodin, e o presidente do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional, Zhao Leji.
Na reunião, foi dada particular atenção ao reforço da soberania tecnológica e económica, de acordo com a imprensa russa.
Em fevereiro de 2022, pouco antes do início da invasão russa da Ucrânia, o Presidente russo, Vladimir Putin, e o seu homólogo chinês, Xi Jinping, proclamaram em Pequim uma “amizade sem limites” entre as suas nações.
Desde então, Moscovo e Pequim têm afirmado que os seus laços “não ameaçam nenhum país” e que visam “promover um mundo multipolar”.
A China tem mantido uma posição ambígua em relação ao conflito. Pequim apelou ao respeito pela “integridade territorial de todos os países”, incluindo a Ucrânia, mas também pediu atenção às “preocupações legítimas de todos os países” com a segurança, em referência à Rússia.