O secretário-geral do PCP criticou hoje a “brutal contradição” entre as palavras e as ações das potências capitalistas sobre as alterações climáticas, acusando-as de “hipocrisia e cinismo” e considerando que o capitalismo “nunca será verde”.
Num discurso na sessão pública “COP 28. O capitalismo não é verde”, à frente da reitoria da Universidade de Lisboa, Paulo Raimundo referiu que, na COP deste ano, que decorre no Dubai, foi “bem visível o desfile interminável de hipocrisia e de cinismo” das potências capitalistas.
“Aquela brutal contradição permanente entre o que é que avançado e dito, e depois a ação de cada um”, referiu.
O secretário-geral do PCP criticou a “profunda hipocrisia dos maiores responsáveis pelas emissões cumulativas de gases de efeito estufa”, que procuram “passar para outros países emergentes a responsabilidade desta questão”.
É “o cinismo das potências capitalistas, esses autênticos abutres, predadores dos recursos em qualquer canto do planeta, a apontarem o dedo a países cujo único crime que estão a cometer é utilizarem os seus próprios recursos para responder às necessidades das suas populações”, disse.
Paulo Raimundo defendeu que essas potências “podem pintar-se das cores que quiserem” e “avançar os mais belos e mais bem construídos discursos”, mas não conseguirão ultrapassar a ideia de que “não é possível enfrentar os desafios ambientais no quadro do capitalismo”.
“Esse sistema que condena milhões à pobreza mais absoluta e abjeta, milhões à fome e à doença. Não é possível esse mundo melhor a que todos temos direito perpetuando uma situação onde 1.300 crianças morrem por dia por diarreia”, sublinhou.
Não é possível, prosseguiu Paulo Raimundo, “enfrentar os desafios ambientais com os poderosos deste mundo a perpetuar mais mortes, mais destruição, mais guerra na Ucrânia, mais massacre e destruição na Palestina”.
“Para o capitalismo, de pouco vale o bem-estar das populações, a preservação da natureza, a defesa dos ecossistemas. Estão-se a marimbar para o valor dos mares, dos oceanos, das florestas ou dos solos, o que conta - foi assim antes, é assim hoje e será assim amanhã - é o lucro e a sua concentração”, defendeu.
Paulo Raimundo considerou que é “neste enquadramento de contradições” que se anda “de COP em COP” a adiar a “resolução dos verdadeiros problemas” e se “vai mantendo tudo na mesma ao gosto dos grandes senhores do capital e dos grandes países capitalistas”.
O líder do PCP defendeu que as soluções para as alterações climáticas “não vêm, nem nunca poderão vir, daqueles que são os seus responsáveis”, acrescentando que o “capitalismo não foi, não é, nem nunca será verde”.
Neste contexto, Paulo Raimundo abordou a convocação de eleições legislativas antecipadas para 10 de março para referir que se deve aproveitar o atual cenário para “proceder a essa mudança que é necessária”.
“Não há defesa do ambiente sem resposta às desigualdades e às injustiças, porque face ao dilema que perpassa milhares de pessoas, entre o olhar para o ambiente ou garantir a vida para si e para os seus, não há dúvida nenhuma qual é a opção justa a tomar”, defendeu.
As soluções para os problemas que enfrentamos não vêm, nem nunca poderão vir, daqueles que são os seus responsáveis, os criadores dos problemas que enfrentamos. O capitalismo não foi, não é, nem nunca será verde.
“Não é tempo de estarmos hesitantes ou na perspetiva do que aí vem. Não! É altura de, tal como estamos a fazer, agir e tomar nas nossas mãos o destino do nosso presente, do nosso futuro, da nossa vida. Isso é tanto mais possível reforçando o PCP, mobilizando o voto na CDU”, sustentou.