O médico português Rodolfo Silva Reimão declarou hoje à agência Lusa que o crime organizado está a espalhar o terror entre a população no Equador, mas considerou que o Presidente equatoriano, Daniel Noboa, tem enfrentado de forma correta os criminosos.
“Estamos a viver um conflito aberto iniciado pelos narcotraficantes, que estão a espalhar o terror sobre a população”, declarou Reimão, que mora há 10 anos no Equador.
O Equador está a viver uma nova espiral de violência após a fuga, no início da semana, do líder do gangue criminoso Los Choneros, Adolfo Macías, conhecido como “Fito”. Nos últimos dias, pelo menos 16 pessoas foram mortas e quase 180 guardas prisionais foram raptados em sete prisões.
Depois de o Governo ter declarado o estado de emergência para recuperar o controlo das prisões, o caos alastrou dentro e fora dos estabelecimentos prisionais, o que levou o Executivo a tomar medidas de emergência, como o recurso às forças armadas e o recolher obrigatório.
O Presidente do Equador, Daniel Noboa, decretou que o país está a viver um “conflito armado interno” e deu mais poderes às forças armadas, que estão nas ruas do país.
A violência tem atingido várias cidades e, inclusivamente, uma estação de televisão foi invadida por criminosos que mantiveram os jornalistas como reféns até serem detidos pelas forças de segurança.
De acordo com o médico português, o terror sobre a população e sobre o Governo não é uma novidade, pois “há quatro anos a situação tem vindo a se degradar”.
“A polícia e o exército estão a patrulhar as ruas, estão a entrar nos bairros problemáticos, a ir de casa em casa a procura dos criminosos”, referiu o médico.
Reimão afirmou que o Presidente Noboa “tem tomado as decisões corretas e demonstrou o seu verdadeiro caráter ao enfrentar os criminosos e os narcotraficantes (...), num país que nem é produtor de drogas”, fazendo a ligação destes grupos com os cartéis de droga mexicanos.
“O Equador, há 10 anos, era um país tranquilo, muito lindo, sem esta violência toda”, avaliou, acrescentado que toda esta situação foi despoletada pelo “julgamento de certos personagens do país”, nomeadamente ligados ao círculo do antigo Presidente Rafael Correa (2007-2017), atualmente exilado na Bélgica devido a uma condenação na justiça do Equador por corrupção.
Rodolfo Silva Reimão defendeu que a enorme corrupção no Governo de Rafael Correa e a complacência em relação ao crime organizado e ao narcotráfico levaram o país à atual situação de insegurança.
“O Presidente Noboa está a seguir o exemplo de outros países que enfrentam a mesma situação de violência, como El Salvador, e está a planear a construir prisões de segurança máxima, mudar o sistema prisional, o que penso ser necessário”, declarou.
Para o médico português, o Presidente Noboa – que tem 35 anos e assumiu o Governo em novembro de 2023 - está a confrontar toda esta situação de corrupção que assola o país há muitos anos, o que corresponde a um risco de vida, lembrando o assassínio do candidato presidencial Fernando Villavicêncio no ano passado durante a campanha eleitoral - entre outros políticos que foram assassinados no anos passado.
“Estamos a esperar pelo melhor”, declarou, afirmando deseja que tudo volte a normalidade o mais rápido possível.
Reimão disse ainda que tem estado em contacto com o consulado português em Quito, referindo também que a população portuguesa no Equador “é bastante pequena e espalhada pelo país”.