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Ex-presidente Zuma acusa sucessor de falhar restituição da terra na África do Sul

Data de publicação
27 Dezembro 2023
18:39

O ex-Presidente sul-africano Jacob Zuma, destituído em 2018 por corrupção pelo partido no poder Congresso Nacional Africano (ANC), acusou o seu sucessor Cyril Ramaphosa de faltar com o compromisso da restituição da terra.

“Quando Ramaphosa foi eleito pela primeira vez, decidimos que a terra deveria voltar aos seus legítimos proprietários; dissemos que o Reserve Bank [Banco Central] deveria ser propriedade do Estado e muitas outras coisas, mas a liderança [do partido] não implementou o que decidimos”, afirmou o antigo chefe de Estado sul-africano.

Jacob Zuma, de 81 anos, que tem vários processos na justiça, incluindo um caso de alegado suborno com mais de vinte anos, com o grupo de armamento francês Thales, em 1999, quando era vice-presidente da África do Sul, acusou a liderança do ANC de “desrespeitar a vontade dos delegados”.

Zuma anunciou recentemente o seu apoio a um novo partido radical, denominado Umkhonto We Sizwe, como o antigo braço armado do ANC, conhecido também por ‘MK’ (1961-1993), para “garantir que o partido no poder não obtenha a maioria de 51%”, necessária para governar nas eleições gerais de 2024.

“Vamos libertar novamente a África do Sul para os negros porque não somos livres, as mesmas pessoas que elegemos são as que agora nos oprimem”, salientou Zuma num encontro com simpatizantes da nova formação política, terça-feira, na cidade portuária de Durban, na sua província natal de KwaZulu-Natal, sudeste do país.

Referindo-se ao Presidente Ramaphosa, que é também presidente do ANC, Zuma sublinhou à imprensa local que o novo partido Umkhonto We Sizwe vai “removê-lo, quer gostem ou não”, considerando que “o ANC não é propriedade de algumas pessoas, o ANC pertence ao povo da África do Sul”.

Zuma, que insiste em continuar membro do ANC, ao qual aderiu há mais de 60 anos, tem sido acusado de “insultar” e “dividir” o partido de Nelson Mandela com o seu apoio à recente formação.

O partido no poder receia que a expulsão de Zuma possa causar tumultos violentos no país ou a divisão completa do ANC, segundo analistas locais.

Em 2021, pelo menos 300 pessoas morreram na violência que eclodiu nas províncias de KwaZulu-Natal e Gauteng, onde se situa Joanesburgo, a capital económica do país, devido à prisão de Zuma por desrespeito à justiça.

No poder entre 2009 e 2018, Zuma foi forçado a demitir-se após uma série de escândalos. Zuma sempre negou as acusações, afirmando ser vítima de perseguição política.

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