A embaixada israelita junto da Santa Sé condenou hoje declarações do secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin, sobre a reação ao ataque do Hamas de 07 de outubro, que considerou desproporcional.
“É uma declaração deplorável. Julgar a legitimidade de uma guerra sem ter em conta TODAS [sic] as circunstâncias e dados relevantes leva inevitavelmente a conclusões erradas”, criticou a embaixada num comunicado citado pela agência espanhola EFE.
O cardeal Parolin manifestou-se na terça-feira indignado com a resposta de Israel ao ataque do Hamas, descrevendo-a mesmo como um massacre.
“Penso que estamos todos indignados com o que está a acontecer, com este massacre, mas temos de ter a coragem de continuar e não perder a esperança”, disse então o chefe da diplomacia do Vaticano.
A embaixada israelita disse no comunicado que Gaza foi transformada pelo Hamas na “maior base terrorista jamais vista” desde que o grupo islamita palestiniano passou a controlar o território, em 2007.
“Uma grande parte do seu projeto foi a construção de uma infraestrutura sem precedentes ativamente sustentada pela população civil”, afirmou.
A resposta do exército israelita foi dada “no pleno respeito pelo direito internacional”, defendeu a embaixada, referindo que “de acordo com os dados disponíveis, por cada militante do Hamas morto, três civis perderam a vida”.
“Não é suficiente condenar o massacre genocida de 07 de outubro e depois apontar o dedo a Israel, referindo o seu direito à existência e à autodefesa como um mero ato de diligência, e sem considerar o quadro geral”, afirmou a embaixada.
Nas declarações proferidas na terça-feira, o cardeal Parolin disse ser necessário “encontrar outras vias para resolver o problema de Gaza e da Palestina”.
Referiu que o Vaticano condenou, desde o início, o ataque do Hamas contra Israel em 07 de outubro, que causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, segundo as autoridades.
“Uma condenação clara e sem reservas de todas as formas de antissemitismo, repito, mas ao mesmo tempo também um apelo para que o direito de defesa de Israel, invocado para justificar esta operação, seja proporcional e, com 30.000 mortos, não o é certamente”, afirmou.
O cardeal pediu ainda para que se mantenha a esperança na procura da paz.
Parolin fez as declarações durante a comemoração do 95.º aniversário dos Pactos de Latrão com a Itália, que tornaram o Vaticano um Estado independente, na presença do Presidente italiano, Sergio Mattarella, e da primeira-ministra, Giorgia Meloni.