O Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) da ONU alertou hoje para a situação sanitária na Faixa de Gaza, onde já se registaram surtos de hepatite e outras infeções.
As más condições de higiene e a sobrelotação dos abrigos da ONU, onde vivem cerca de 946 mil pessoas, aumentaram a incidência de doenças respiratórias e cutâneas, bem como de diarreia e piolhos, reconheceu o OCHA no relatório diário.
O documento referiu ainda que, apesar da trégua, que permitiu a libertação de reféns israelitas e de outros reféns e prisioneiros palestinianos, o norte de Gaza continua a não ter acesso a água potável, o que poderá aumentar os surtos epidémicos e os casos de desidratação.
Em 29 de novembro, caravanas humanitárias conseguiram chegar ao norte da Faixa de Gaza, alvo de operações militares de Israel, com ajuda humanitária, incluindo mantimentos para dois dos poucos hospitais que ainda funcionam nessa região, o Al Ahli e o As Sahaba.
Dois outros hospitais que foram palco de violentos combates durante dias, o de Shifa e o Hospital Indonésio, reabriram as unidades de diálise, referiu o relatório.
A trégua, que entrou em vigor a 24 de novembro e foi prolongada hoje por mais um dia, está a permitir a recuperação de corpos dos escombros. De acordo com a ONU, cerca de 160 corpos foram retirados nos dias 27 e 28 de novembro.
Embora as hostilidades tenham cessado quase por completo, o relatório refere disparos de navios de guerra israelitas contra a costa da Faixa de Gaza, no sul, que não terão causado vítimas.
Há também relatos, sobretudo nos primeiros dias da trégua, de disparos das forças israelitas contra palestinianos que tentavam atravessar do sul para o norte de Gaza, algo que foi proibido pelas forças de ocupação.
Estes confrontos causaram “um certo número de vítimas”, principalmente nos dias 24, 25 e 26 de novembro, refere a ONU, sem especificar números.
As Nações Unidas recordam que 1,8 milhões de pessoas, cerca de 80% da população de Gaza, estão deslocadas internamente devido ao conflito, no qual mais de 46 mil casas foram destruídas e outras 234 mil foram danificadas, o que representa 60% dos terrenos residenciais da Faixa.