O ministro da Defesa israelita avisou hoje que o exército israelita pode “copiar e colar” em Beirute a destruição causada na Faixa de Gaza, um dia depois de o Hezbollah ter reivindicado uma dezena de ataques a Israel.
“Eles veem o que está a acontecer em Gaza. Sabem que podemos ‘copiar e colar’ [a situação de Gaza] em Beirute”, alertou Yoav Gallant, em declarações ao jornal norte-americano The Wall Street Journal.
AS relações entre Israel e o grupo xiita libanês Hezbollah têm aumentado desde o início da guerra em Gaza, mas sobretudo desde a morte, e Beirute, na semana passada, do ‘número dois’ do braço político do grupo islamita palestiniano Hamas, Saleh al-Arouri, num ataque atribuído a Israel.
Embora tenha admitido que uma guerra com o Hezbollah não está entre as prioridades de Israel, o ministro afirmou que o país está “disposto a sacrificar-se” se for preciso, sublinhando que os 80 mil deslocados causados pelos conflitos na fronteira dos dois países devem “poder regressar em segurança às suas casas”.
Gallant também enfatizou que Israel “luta contra um eixo, não contra um único inimigo” e argumentou que “o Irão está a criar poder militar à volta de Israel para usá-lo”, numa referência aos grupos aliados de Teerão – entre eles o Hezbollah – no Líbano, Síria, Iraque e Territórios Palestinianos Ocupados.
Por outro lado, o ministro israelita destacou que o Hamas “não leva a sério” a ofensiva militar contra Gaza e sublinhou que a comunidade internacional tem de compreender a escala dos ataques realizados em 07 de outubro pelo grupo islamita palestiniano.
O conflito em curso entre Israel e o Hamas foi desencadeado pelo ataque desse dia, que, segundo as autoridades israelitas, provocou a morte de cerca de 1.200 pessoas e levou ao sequestro de 240 outras.
Em retaliação, Israel, que prometeu destruir o movimento islamita palestiniano, bombardeia desde 07 de outubro a Faixa de Gaza, onde, segundo o governo local liderado pelo Hamas, já foram mortas quase 23.000 pessoas e feridas mais de 54 mil, a maioria das quais civis.
Aquele “foi o dia mais sangrento para os judeus desde 1945. É algo diferente”, referiu o ministro da Defesa Israelita ao jornal norte-americano.
“Devemos ser permitidos ao Hamas, ao Hezbollah e ao Irão decidir como vivemos as nossas vidas em Israel? Isto é uma coisa que não aceitamos”, argumentou.
Yoav Gallant anunciou ainda uma mudança na ofensiva em Gaza que, segundo referiu, vai passar de “uma fase de manobras intensas” para “diferentes tipos de operações especiais”, sublinhando que esta nova fase se prolongará por muito tempo e não terminará até o Hamas “ser destruído”.
A ameaça do ministro israelita respondeu também a um aviso lançado no sábado pelo primeiro-ministro em exercício no Líbano.
Nayib Mikati, que recebeu o chefe da diplomacia da União Europeia no fim de semana, disse, em declarações à imprensa, que um ataque em grande escala de Israel ao território libanês provocará automaticamente uma “explosão regional” do conflito.
“Nós queremos a paz. Não defendemos a guerra. Queremos apenas estabilidade e estamos a estabelecer todos os contactos necessários, porque qualquer bombardeamento em grande escala no sul do Líbano levará a região a uma explosão integral”, alertou.
Já Josep Borrell apelou à paz, depois de um encontro com um representante do grupo xiita libanês Hezbollah em Beirute, alegando ser essencial evitar uma escalada do conflito no Médio Oriente.