O Kremlin acusou hoje os Estados Unidos de “interferência inaceitável” no caso Alexei Navalny, após Washington ter demonstrado preocupação com o facto de os familiares não terem notícias do opositor russo preso há uma semana.
”Este é um prisioneiro que foi considerado culpado (...) e que está a cumprir a pena que recebeu. Consideramos que qualquer interferência, especialmente dos Estados Unidos, é inaceitável”, declarou porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
Os apoiantes Navalny afirmaram na segunda-feira que estavam a tentar contactá-lo em vão há quase uma semana e não sabiam onde estava do opositor russo.
Washington reagiu a dizer que estava “muito preocupado” com a falta de informação sobre o paradeiro de Navalny, apelando mais uma vez à sua libertação imediata.
“Para começar, nunca deveria ter sido preso”, disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, John Kirby, acrescentando que as autoridades norte-americanas estavam a procurar saber mais sobre o caso.
Para quem é próximo de Navalny, o destino do opositor é decidido diretamente pela Presidência russa. O opositor acusa o Kremlin de ter ordenado o envenenamento que sofreu em 2020.
A porta-voz de Navalny, Kira Iarmich, declarou hoje que um funcionário da prisão onde Navalny estava detido disse que o opositor “tinha deixado a colónia penal”, sem dizer para onde havia sido transferido.
Navalny, que foi condenado em agosto a uma nova pena de prisão de 19 anos por “extremismo”, deverá ser enviado para uma colónia penal com um “regime especial”.
Esta categoria de estabelecimentos é conhecida por ter as condições de detenção mais duras do sistema prisional russo e está frequentemente localizada em regiões muito isoladas. No entanto, o calendário para tal transferência nunca é comunicado antecipadamente.
As transferências de uma colónia penal para outra na Rússia geralmente levam várias semanas de viagem de comboio, com várias etapas, e os familiares dos detidos podem permanecer sem informações por longos períodos.