O líder supremo do Irão, o ‘ayatollah’ Ali Khamenei, afirmou hoje que Israel é um “cancro” destinado a “ser destruído” e considerou que os grupos armados palestinianos “seguem os ensinamentos do Corão” para “enfrentar o maligno inimigo sionista”.
“A nossa esperança é que, com a graça de Alá, o mundo islâmico presencie a destruição do cancro sionista”, disse Khamenei, antes de considerar que o conflito israelo-palestiniano, em particular a guerra em curso na Faixa de Gaza entre Israel e o Hamas, é o “mais importante” para o mundo muçulmano na atualidade.
Em paralelo, Khamenei criticou os países muçulmanos que mantêm relações com o “regime assassino sionista” e argumentou que “os crentes não devem ter por amigos os não crentes em detrimento dos crentes”, de acordo com um comunicado publicado na página oficial do líder iraniano na Internet.
O líder supremo do Irão também afirmou que a população palestiniana em Gaza está a ser oprimida “pelos que não possuem uma bússola moral”, sublinhando que “o maior dever consiste em apoiar o povo oprimido de Gaza, as perseverantes forças de resistência e aqueles que ajudam o povo de Gaza”.
Ali Khamenei já apelou por diversas vezes a um boicote generalizado a Israel pela sua ofensiva em Gaza, bem como expressou o seu apoio ao Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) e à Jihad Islâmica após os ataques de 07 de outubro contra território israelita. Também condenou os Estados Unidos e outros aliados do Governo israelita pelo seu apoio às operações militares contra o enclave palestiniano.
Israel desencadeou uma ofensiva contra a Faixa de Gaza em resposta aos ataques do Hamas, que provocaram cerca de 1.200 mortos, na sua maioria civis, mas também perto de 400 militares, segundo os últimos números oficiais israelitas.
Cerca de 240 civis e militares foram sequestrados durante os ataques de 07 de outubro, com Israel a indicar que mais de 100 permanecem na Faixa de Gaza.
Em retaliação, Israel, que prometeu destruir o movimento islamita palestiniano, bombardeia desde então a Faixa de Gaza, onde, segundo o governo local liderado pelo Hamas, já foram mortas mais de 29.000 pessoas – na maioria mulheres, crianças e adolescentes – e feridas cerca de 70.000, também maioritariamente civis. Cerca de 8.000 corpos permanecem debaixo dos escombros, segundo as autoridades locais.
Segundo as Nações Unidas, pelo menos 156 funcionários de agências da organização internacional foram mortos em Gaza desde 07 de outubro.
A população da Faixa de Gaza também se confronta com uma crise humanitária sem precedentes, devido ao colapso dos hospitais, o surto de epidemias e escassez de água potável, alimentos, medicamentos e eletricidade.
Desde 07 de outubro, pelo menos 392 palestinianos também já foram mortos pelo Exército israelita e por ataques de colonos na Cisjordânia e Jerusalém Leste, territórios ocupados pelo Estado judaico. Também foram registadas 6.650 detenções e mais de 3.000 feridos.
Irão e Israel estão envolvidos num clima de confrontação há vários anos.
Telavive acusa Teerão – que nega - de querer adquirir a bomba atómica para fins militares, com os israelitas a assumirem abertamente que pretendem impedir tal avanço e contrariar a influência dos iranianos no Médio Oriente.
O Irão, por sua vez, acusa Israel de estar por detrás de uma série de sabotagens e assassínios que visam o programa nuclear iraniano.