A Organização Internacional para as Migrações (OIM) pediu hoje aos Estados que resolvam urgentemente o problema do número crescente de mortes no Mediterrâneo Central, após um naufrágio ter provocado a morte de 61 migrantes.
“O que aconteceu durante o fim de semana ao largo da costa da Líbia é de partir o coração; nenhum ser humano deveria ter de passar pelo que eles passaram”, afirmou a Diretora-Geral da OIM, Amy Pope, num comunicado.
A embarcação transportava 86 migrantes quando as fortes ondas afundaram no sábado, ao largo da cidade de Zuwara, na costa ocidental da Líbia, e 61 migrantes afogaram-se, de acordo com a OIM.
“Esta tragédia, que ocorreu apenas dois dias antes de o mundo assinalar o Dia Internacional dos Migrantes, é mais uma prova irrefutável dos riscos que as pessoas correm para melhorar as suas vidas e da nossa obrigação coletiva de encontrar caminhos melhores e mais seguros para as pessoas que se deslocam”, acrescentou Pope.
Este naufrágio foi a mais recente tragédia da travessia marítima mais perigosa e mortífera do mundo, onde 2.571 pessoas morreram até agora este ano.
A agência da ONU que apoia a migração e a integração de migrantes defendeu que os atrasos nos resgates liderados pelo Estado e a diminuição dos esforços das ONG na rota do Mediterrâneo Central têm sido fatores importantes que conduzem à perda de mais vidas.
A OIM reiterou que os Estados devem dar novas prioridades e reforçar a cooperação em operações coordenadas de busca e salvamento (SAR), recordando que todos os navios marítimos têm a obrigação legal de prestar socorro a embarcações em perigo.
A organização apelou à ação para desmantelar as redes criminosas de contrabando e processar os responsáveis por facilitar estas viagens marítimas perigosas em embarcações mal equipadas, como barcos de borracha.
A OIM pediu ainda a adoção de medidas para aproveitar o potencial da migração e dos migrantes.
“Salvar vidas e facilitar rotas de migração seguras e regulares é um pré-requisito” para solucionar os atuais problemas globais, incluindo o desenvolvimento e as alterações climáticas, defendeu.
De acordo com o Projeto de Migrantes Desaparecidos (MMP) da OIM, cerca de 28.320 homens, mulheres e crianças morreram ou desapareceram no Mar Mediterrâneo desde 2014.
Nos últimos anos, a Líbia tornou-se o principal ponto de trânsito para os migrantes que fogem da guerra e da pobreza em África e no Médio Oriente e tentam chegar às costas europeias através do Mediterrâneo central, onde procuram uma vida melhor.
Os principais incidentes deste ano incluíram um barco de pesca que transportava migrantes que tentavam chegar à Europa, que se virou e se afundou ao largo da costa da Grécia em junho, deixando pelo menos 86 mortos e 510 desaparecidos, numa das piores catástrofes já registadas deste tipo.