A polícia da Papua Nova Guiné avisou que poderá usar “força letal” na cidade mineira de Porgera (centro) para tentar conter os graves confrontos entre clâs que fizeram pelo menos 30 mortos.
Mais de 120 agentes de segurança estão destacados em Porgera para tentar repor a ordem através de uma operação que inclui medidas como o recolher obrigatório noturno e a proibição do consumo de álcool.
O comissário da polícia, David Manning, emitiu uma ordem que permite aos agentes usar “força letal quando apropriado” para proteger os civis, a mina e as infraestruturas neste local remoto na província de Enga, avançou no domingo o jornal The National.
Os confrontos eclodiram na semana passada devido a um conflito entre dois clãs instalados nas proximidades da mina de ouro de Porgera, a segunda maior do país e uma das principais jazidas de ouro do mundo, aparentemente devido a disputas entre garimpeiros ilegais e os tradicionais proprietários da terra.
A violência aumentou no fim-de-semana, quando um dos clãs atacou o outro, matando pelo menos 30 pessoas e incendiando muitas habitações, obrigando ainda à fuga de centenas de mulheres e crianças, disse o comandante da polícia local.
Dois funcionários públicos também foram mortos quando regressavam a casa do trabalho, acrescentou Joseph Tondop.
Os conflitos, principalmente tribais e devido a disputas de terras, agravaram-se na Papua devido à utilização mais generalizada de armas de fogo militares.
Em meados de julho, pelo menos 26 pessoas, incluindo 16 crianças, foram mortas em ataques a três aldeias na Papua Nova Guiné.
“Estou horrorizado com o chocante surto de violência mortal na Papua-Nova Guiné, aparentemente devido a uma disputa sobre a propriedade e os direitos de utilização de terras e lagos”, afirmou na altura o alto-comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk.
A população da Papua-Nova Guiné, quase 12 milhões de habitantes, mais do que duplicou desde 1980, aumentando a pressão sobre a terra e os recursos naturais e agravando as rivalidades entre mais de 800 tribos.