O Presidente da República da África do Sul, Cyril Ramaphosa, destacou hoje o “forte” crescimento económico do país em três décadas de democracia e prometeu acabar com os cortes de eletricidade, falando no discurso do Estado da Nação.
“Transformámos a vida de milhões de sul-africanos criando acesso às necessidades mais básicas e a oportunidades que nunca existiram para essas pessoas no passado”, adiantou.
Discursando sobre o Estado da Nação no Parlamento, na Cidade do Cabo, a capital legislativa da África do Sul, o chefe de Estado sul-africano sublinhou que nessas décadas “mais de um milhão de jovens foram colocados em escolas como assistentes de professores”.
“Não basta reconhecer as injustiças do passado, é preciso corrigi-las”, afirmou Ramaphosa, afirmando que “foram criadas oportunidades de emprego para negros e mulheres”.
Sobre a crise de eletricidade que os sul-africanos enfrentam com apagões diários de 12 horas, o Presidente Ramaphosa prometeu “modelos de investimento inovadores” na rede de transmissão de energia elétrica.
“Estamos confiantes de que o pior já passou e que o fim da redução de carga está próximo”, declarou Ramaphosa.
Num discurso, aparentemente direcionado à sua base eleitoral provincial, o chefe de Estado, que é também presidente do Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês), o partido no poder, sublinhou que o voto de Nelson Mandela, o historio Presidente, em 1994 significou “o início de uma nova era” para o país africano.
“A Constituição orientou os nossos esforços coletivos ao longo das últimas três décadas para melhorar o nosso país”, salientou, com a rejeição da “tirania do ‘apartheid’ e a construção um Estado democrático baseado na vontade do povo”.
Ramaphosa reafirmou que nas últimas décadas o país tem registado um “forte crescimento económico” e a “criação de emprego acelerado” que produzirá “resultados frutuosos” no futuro para a economia do país.
O líder sul-africano elencou a violência de género, a grande corrupção pública – vários membros do seu executivo foram mencionados no relatório da comissão ‘Zondo’ de investigação à corrupção pública no mandato do ex-Preisdente Jacob Zuma -, e mais recentemente a epidemia da covid-19 como os principais desafios nos últimos cinco anos de mandato.
O discurso sobre o Estado da Nação de 2024 decorreu na Câmara Municipal da Cidade do Cabo.
Trata-se do último Estado da Nação da VI Administração do Governo do ANC, no poder desde o fim do regime de ‘apartheid’ em 1994, e o terceiro após o incêndio que destruiu parcialmente o Parlamento em 2022.
Antes do inicio da intervenção do chefe de Estado, a presidente do Parlamento sul-africano Nosiviwe Mapisa-Nqakula, onde o ANC detém a maioria, leu o novo código parlamentar introduzido esta semana que impede que qualquer membro do parlamento interrompa o Presidente da República quando proferir o discurso sobre o Estado da Nação.
O início das cerimónias na Assembleia Nacional, orçamentadas em pelo menos 6,5 milhões de rands (318 mil euros), foi antecedido por honras militares da Força de Defesa Nacional Sul-Africana (SANDF) perante mais de 400 convidados.