O Presidente russo, Vladimir Putin, acusou hoje o Ocidente de querer desmembrar e saquear a Rússia, numa mensagem via videoconferência aos participantes no XXV Conselho Mundial do Povo Russo, que se realiza em Moscovo.
“O que eles realmente querem [no Ocidente]? O que eles realmente querem é desmembrar e saquear a Rússia. Não funciona para eles pela força, então semeiam o caos”, disse o líder do Kremlin.
Segundo Putin, o Ocidente “em princípio não precisa de um país tão grande e multinacional como a Rússia”.
“A nossa diversidade e unidade de culturas, tradições, línguas, grupos étnicos não se enquadram na lógica dos racistas e colonizadores ocidentais, no seu sistema cruel de total desumanização, divisão, opressão e exploração”, afirmou.
Putin criticou que “a russofobia e outras formas de racismo e neonazismo são hoje praticamente a ideologia oficial das elites dominantes ocidentais”.
“Consideramos qualquer interferência externa, qualquer provocação com o objetivo de provocar conflitos interétnicos ou inter-religiosos, como ações agressivas contra o nosso país, como uma tentativa de lançar mais uma vez o terrorismo e o extremismo contra a Rússia, como uma ferramenta para lutar contra nós”, declarou o Presidente russo, deixando palavras alusivas à herança do país.
“O mundo russo são todas as gerações dos nossos ancestrais, os nossos descendentes. O mundo russo é a antiga Rus, a Moscóvia, o Império Russo, a União Soviética e a Rússia de hoje, que recupera, fortalece e multiplica a sua soberania como potência mundial”, destacou.
No início do seu discurso, Putin pediu um minuto de silêncio em homenagem por aqueles que morreram na campanha militar na Ucrânia: “Eles lutaram por nós, pelo nosso país. Glória eterna”.
Uma das razões apresentadas pelo Kremlin para lançar a campanha militar no país vizinho é a defesa do que é conhecido como “Mundo Russo”, ou seja, o espaço geográfico pós-soviético onde vivem os russos étnicos e se fala a língua do poeta e dramaturgo Aleksandr Pushkin.
A Rússia invadiu a Ucrânia em 22 de fevereiro de 2022, com o argumento de “desnazificar” o país vizinho, independente desde 1991 após a desagregação da antiga União Soviética e que tem visto a desde então a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia, que já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, não tem conhecido avanços significativos nos últimos meses, mantendo-se ambas as partes irredutíveis nas suas posições territoriais e sem abertura para cedências negociais.