A Ucrânia quer incorporar no seu exército cidadãos ucranianos em idade para combater que estejam a viver na Europa, criando uma nova unidade, a Legião Ucraniana, que ficará baseada Polónia, anunciou o ministro da Defesa do país.
“Os ucranianos na Polónia e noutros países da União Europeia (UE) poderão juntar-se à defesa ucraniana assinando um contrato com as forças armadas”, disse nas redes sociais o ministro Rustem Umerov.
É uma “unidade especial de voluntários que treinará em território polaco” e “será equipada com as melhores armas ocidentais” antes de ser enviada para a frente na Ucrânia, garantiu Umerov.
“Apelamos a todos os ucranianos na Europa para que se juntem à Legião Ucraniana”, disse o ministro ucraniano, sem dar detalhes sobre o número de homens que espera recrutar.
Kiev, cujo exército está debilitado devido às pesadas perdas após dois anos e meio da invasão russa, está a tentar reforçar as suas fileiras. As autoridades ucranianas já intensificaram a mobilização dentro do país, em particular graças a uma nova lei adotada em maio.
O Governo ucraniano procura agora recrutar entre as centenas de milhares de homens ucranianos que vivem na Europa, especialmente na Polónia e na Alemanha, alguns dos quais fugiram ilegalmente do país precisamente por medo de serem mobilizados.
A criação dessa unidade está prevista num acordo bilateral de segurança entre a Ucrânia e a Polónia, assinado na segunda-feira em Varsóvia pelo Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e pelo primeiro-ministro polaco, Donald Tusk.
Varsóvia, porém, permanece extremamente cautelosa nos seus comentários sobre essa matéria.
“Nesta fase, é muito cedo para falar sobre os detalhes. A questão é objeto de discussões entre os Ministérios da Defesa dos dois países”, disse hoje o serviço de imprensa do Ministério da Defesa polaco.
O exército ucraniano sofre há meses a falta de equipamento devido a atrasos na ajuda ocidental, circulando ainda rumores sobre o envio imediato para a frente de combate de recrutas jovens, sem formação e mal equipados.
O ressentimento relativamente à mobilização foi agravado por escândalos de corrupção nas forças armadas, incluindo o sistema enraizado de pagamento de subornos para evitar a mobilização.
Kiev estima que 300 mil ucranianos em idade de lutar estejam atualmente na vizinha Polónia.