O Presidente polaco, Andrzej Duda, convocou o Conselho de Segurança Nacional para segunda-feira, 10 de junho, devido ao agravamento da situação na fronteira com a Bielorrússia, noticiou hoje a agência polaca PAP.
“Tendo em conta o que se tem passado ultimamente e nos últimos meses, decidi convocar o Conselho de Segurança. Iremos fazê-lo na segunda-feira, depois das eleições” europeias, disse Duda em França, onde participa nas comemorações dos 80 anos do desembarque na Normandia.
O líder polaco disse que a reunião do Conselho de Segurança Nacional só ocorrerá na segunda-feira por estar em curso a campanha e a votação para o Parlamento Europeu.
“Há muitas emoções”, justificou.
A Polónia enfrenta um afluxo anormal de migrantes na fronteira com a Bielorrússia, que as autoridades polacas dizem estar a ser fomentada por Minsk e Moscovo, alegando que 90% dos indivíduos têm visto russo.
Os migrantes “estão a ser cinicamente usados pelos dois regimes [russo e bielorrusso] como um elemento para atacar a Polónia”, afirmou o ministro do Interior polaco, Tomasz Siemoniak, à estação pública Radio One.
Siemoniak também anunciou que o Governo vai enviar unidades de polícia antimotim para a fronteira com a Bielorrússia, e que os guardas fronteiriços e os militares receberão formação para lidar com multidões agressivas.
“Não permitiremos que soldados polacos sejam vítimas de atos brutais de agressão”, afirmou o ministro.
Um soldado polaco esfaqueado por um migrante que tentou atravessar a fronteira na terça-feira acabou por morrer, divulgou hoje o Exército polaco.
Um guarda fronteiriço também foi ferido na segunda-feira, mas sem gravidade, ao enfrentar um grupo de migrantes em fúria.
Num outro incidente, no final de março e início de abril, mas só agora divulgado, três militares foram detidos por dispararem tiros de aviso contra migrantes que tentavam atravessar a fronteira, segundo a PAP.
Duda descreveu a detenção dos soldados como ultrajante e pediu ao Governo que explique o que aconteceu e porque é que o caso só foi revelado agora.
As detenções não foram bem aceites pelo próprio Governo.
O primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, afirmou que as ações do Ministério Público e da Polícia Militar suscitaram uma preocupação justificada e “a ira do povo”, pelo que exigiu “conclusões e decisões rápidas”.
O ministro da Defesa, Wladyslaw Kosiniak-Kamysz, insistiu hoje que apoia os militares, mas também sublinhou que aqueles que excedem as funções devem ser punidos de acordo com a lei.
Também minimizou o facto de não ter sido informado até os meios de comunicação social terem noticiado o assunto, referindo que “há muitas intervenções da Polícia Militar contra soldados” todos os anos.
“Isso faz parte da missão da Polícia Militar, de zelar pela boa conduta e pela legalidade, por isso não há obrigação de informar o ministro sobre como esse tipo de atividade é realizado”, explicou.
A Polónia, cuja fronteira a leste é partilhada com Bielorrússia, Ucrânia e Lituânia, apoia Kiev na guerra iniciada pela Rússia em fevereiro de 2022, quando invadiu o país vizinho.