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UE pede investigação internacional a ataque a palestinianos mortos junto de comboio humanitário

Data de publicação
02 Março 2024
16:59

Muitos dos palestinianos mortos ou feridos, quando tentavam obter sacos de farinha de um comboio de ajuda humanitária, foram atingidos por disparos do exército israelita, referiu hoje o serviço diplomático da União Europeia, pedindo uma investigação internacional.

”A responsabilidade por este incidente recai sobre as restrições impostas pelo exército israelita e as obstruções impostas por extremistas violentos ao fornecimento de ajuda humanitária”, declarou o Serviço Europeu para a Ação Externa, numa referência ao ataque junto de um comboio de assistência em Gaza, após quase cinco meses de combates entre Israel e o Hamas.

Os habitantes do norte de Gaza dizem que começaram a procurar nos montes de entulho e de lixo qualquer coisa para alimentar os seus filhos, que mal comem uma refeição por dia e muitas famílias começaram a misturar alimentos para animais e aves com cereais para fazer pão.

”Estamos a morrer de fome”, disse à agência norte-americana Associated Press Soad Abu Hussein, uma viúva e mãe de cinco filhos que se abrigou numa escola do campo de refugiados de Jabaliya.

O norte da Faixa de Gaza tem suportado o peso do conflito que começou quando o grupo militante Hamas lançou um ataque ao sul de Israel em 07 de outubro, matando 1.200 pessoas, na sua maioria civis, e fazendo cerca de 250 reféns, segundo as autoridades israelitas.

Já o Ministério da Saúde de Gaza declarou que o número de palestinianos mortos na guerra subiu para 30.320, não fazendo distinção entre civis e combatentes.

Na cidade de Rafah, no extremo sul de Gaza, onde mais de metade da população do território sitiado procura atualmente refúgio, um ataque aéreo israelita atingiu tendas no exterior de um hospital, matando 11 pessoas e ferindo cerca de 50, incluindo profissionais de saúde.

A ofensiva aérea, marítima e terrestre de Israel reduziu a escombros grande parte do norte de Gaza, densamente povoado. Os militares disseram aos palestinianos para se deslocarem para sul, mas acredita-se que cerca de 300 mil pessoas tenham permanecido.

Uma em cada seis crianças com menos de dois anos sofre de desnutrição aguda, “o pior nível de desnutrição infantil em todo o mundo”, afirmou esta semana o diretor executivo adjunto do Programa Alimentar Mundial, Carl Skau.

O desespero é tão grande que as pessoas invadiram os camiões que transportavam ajuda alimentar para a região e agarraram o que puderam, disse Skau, obrigando o PAM a suspender as entregas de ajuda no norte do território.

”A rutura da ordem civil, motivada por puro desespero, está a impedir a distribuição segura da ajuda e nós temos o dever de proteger o nosso pessoal”, afirmou.

Reconhecendo a dificuldade de fazer chegar a ajuda, o Presidente dos EUA, Joe Biden, disse na sexta-feira que os EUA em breve começarão a enviar assistência por via aérea para Gaza e procurarão outras formas de fazer chegar os carregamentos, “incluindo possivelmente um corredor marítimo”.

No entanto, o Comité Internacional de Resgate e a Ajuda Médica aos Palestinianos, afirma que os lançamentos aéreos “devem ser a solução de último recurso, uma vez que o seu impacto é mínimo e não está isento de riscos para os civis”, pedindo a abertura de mais passagens terrestres para Gaza e à remoção de obstáculos nas poucas que já estão abertas.

Um alto funcionário egípcio disse que as conversações sobre o cessar-fogo deverão ser retomadas domingo no Cairo.

Os mediadores internacionais esperam chegar a um acordo sobre uma pausa de seis semanas nos combates e uma troca de alguns reféns por palestinianos presos por Israel, antes do início do Ramadão, a 10 de março.

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