Os países do G7 reiteraram hoje a sua “profunda preocupação” com as “contínuas violações e abusos dos direitos humanos” na Venezuela e reclamaram a libertação de “todos os presos políticos injustamente detidos”.
Reunidos entre segunda-feira e hoje em Itália, os chefes de diplomacia do grupo de sete democracias mais industrializadas do mundo - Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido – adotaram uma declaração final, reservando a parte final do texto à situação de instabilidade na Venezuela na sequência das eleições presidenciais de julho passado.
“Em 28 de julho, o povo venezuelano fez uma escolha clara nas urnas, votando a favor da mudança democrática e apoiando Edmundo González Urrutia por uma maioria significativa, de acordo com os registos eleitorais publicamente disponíveis”, começam por notar os ministros dos Negócios Estrangeiros do G7.
Apontando que continuarão a “apoiar os esforços dos parceiros regionais para facilitar uma transição democrática e pacífica liderada pela Venezuela que garanta o respeito pela vontade dos eleitores”, os países do G7 dizem então estar “profundamente preocupados com as contínuas violações e abusos dos direitos humanos, incluindo as detenções arbitrárias e as severas restrições às liberdades fundamentais, que visam em especial os opositores políticos, a sociedade civil e os meios de comunicação social independentes”.
“Todos os presos políticos injustamente detidos devem ser libertados”, concluem os chefes de diplomacia do G7.
A Venezuela realizou eleições presidenciais em 28 de julho, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral atribuiu a vitória a Nicolás Maduro, com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que Urrutia obteve quase 70% dos votos.
A oposição venezuelana e muitos países denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente.
Os resultados eleitorais foram contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registo, segundo as autoridades, de mais de 2.400 detenções, 27 mortos e 192 feridos.
Entre os presos políticos detidos após as eleições conta-se um lusodescendente, Williams Dávila Barrios, cujo estado de saúde motiva preocupações, tendo levado a Organização de Estados Americanos (OEA) a pedir, no passado sábado, a libertação deste antigo governador de Mérida (Venezuela), para que possa ter assistência médica adequada.
Em 09 de agosto, o Governo português já exigira às autoridades venezuelanas “a libertação imediata e incondicional de Williams Dávila Barrios”, de 73 anos e com nacionalidade portuguesa.
Numa declaração na rede social X, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, afirmou que “Portugal insiste na libertação dos opositores políticos detidos, na garantia da liberdade de manifestação política e na transparência democrática, em contacto estreito com os Estados da região e com os parceiros da UE”.