O Presidente da República realçou hoje a importância de lembrar sempre o 25 de Abril, mesmo que possa haver quem queira “questionar os seus ideais”, e garantiu que “ninguém quer uma mordaça em relação a liberdades adquiridas”.
“O Portugal de Abril ficou para sempre diferente do Portugal que o antecedeu, não há reversão possível, não há reversão quando se conhece a liberdade, e se usa a liberdade. Não há reversão quando se tem a liberdade de exprimir o pensamento. Ninguém quer uma mordaça em relação a liberdades adquiridas”, disse Marcelo Rebelo de Sousa.
No Centro de Congressos do Estoril, na evocação dos 50 anos da reunião de Cascais, o chefe de Estado afirmou que “podem existir altos e baixos e aparentes agressões parciais em liberdades económicas ou sociais, por causa do que se passa lá fora ou do que se passa cá dentro, mas o ideal de Abril nunca morre”.
“Não há ninguém que ouse dizer que se deve ser mais desigual do que igual, mesmo quando aquilo que propõe fomenta objetivamente mais desigualdade do que igualdade, ou porque tem que ser, ou porque faz parte da maneira de pensar”, considerou.
Marcelo Rebelo de Sousa enalteceu a “generosidade da democracia, referindo que “nela cabem os antiliberais, os antidemocratas e os anti-igualitários, para não correr o risco de passar a ser uma ditadura”.
O chefe de Estado destacou a importância de lembrar sempre o 25 de Abril, “mesmo que pareça que até que de vez em quando haja quem queira questionar os seus ideais”.
“Abril sempre quer dizer: lembrem-se sempre dos ideais que conduziram o 25 de Abril de 1974. (...) Mesmo que seja difícil realizá-los, mesmo que para muitos se fique aquém desses ideais, mesmo que pareça até, de vez em quando, que há quem queira mesmo negar os ideais, substituir os ideais, questionar os ideais”, disse.
Numa evocação que contou com a presença dos ministros da Defesa e da Cultura, Helena Carreiras e Pedro Adão e Silva, respetivamente, Marcelo Rebelo de Sousa deixou uma garantia:
“Enquanto houver milhões de democratas livres e igualitários no nosso país, haverá sempre Abril!”.
O Presidente da República destacou a “generosidade” dos militares de Abril, considerando que o objetivo vingou por todos terem conseguido ser “um movimento coletivo” e não “um somatório de capitães”.
Na evocação do encontro no qual os capitães decidiram derrubar a ditadura portuguesa através de um golpe de Estado, o presidente da Associação 25 de Abril e também capitão de Abril, Vasco Lourenço, destacou a importância de “fundamental de utilizar a liberdade conquistada em Abril para definir o futuro”.
Carlos Carreiras, presidente da Câmara Municipal de Cascais, referiu que “todas as alternativas à democracia são prejudiciais” e considerou que “a democracia não foi uma obra acabou em 25 de abril de 1974”, descrevendo-a como “uma dinâmica que requer constante aperfeiçoamento” e um “bem comum de todos os cidadãos”.
No encontro realizado há 50 anos no primeiro andar do número 45 da rua Visconde Luz, em Cascais, no ateliê do arquiteto Braula Reis, foi aprovado pela maioria dos presentes o documento “O Movimento, as Forças Armadas e a Nação”, o primeiro projeto político dos capitães, e assumida como irreversível a opção pelo golpe de Estado.
Na reunião, que juntou cerca de 200 oficiais, ficou patente a intenção do movimento de democratizar o país e de acabar com a guerra e deu-se a passagem do Movimento dos Capitães a Movimento das Força Armadas (MFA), tendo os capitães decidido delegar em Melo Antunes a responsabilidade de presidir e coordenar a comissão de elaboração do Programa.
Nesse encontro realizou-se uma nova votação sobre os futuros chefes do Movimento, num escrutínio mais uma vez ganho por Francisco da Costa Gomes, então Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas.