A cimeira sobre o clima que hoje terminou no Dubai “foi muito melhor do que se esperava”, apontando pela primeira vez de forma “bastante clara” para o fim dos combustíveis fósseis, considerou a associação ambientalista LPN.
Em declarações à Agência Lusa o presidente da Liga para a Proteção da Natureza (LPN), Jorge Palmeirim, considerou que houve um “progresso substancial”, tendo em conta que pela primeira vez se “apontou de forma bastante clara para tendencialmente se avançar no sentido da eliminação dos combustíveis fósseis”.
Depois de um adiamento de quase um dia, o texto mais importante da 28.ª conferência das Nações Unidas sobre alterações climáticas (COP28), o balanço global foi hoje aprovado e nele os países concordaram com uma transição para o abandono dos combustíveis fósseis nos sistemas energéticos “de forma justa, ordenada e equitativa”.
Num comentário às conclusões da mais importante reunião da ONU sobre a crise climática, que decorreu no Dubai nas últimas duas semanas, Jorge Palmeirim disse que o que mais surpreendeu foi o petróleo fazer parte dessa declaração, porque havia um “lobby” fortíssimo contra.
“A estratégia correu mal ao ´lobby´ do petróleo”, que queria permitir apenas algumas concessões e que ainda tentou insistir na distração da captura do carbono, que é só uma distração porque não se faz a captura de carbono na mesma escala em que se liberta, considerou o responsável.
Dos resultados da COP28 Jorge Palmeirim destacou ainda como “muito positiva” a referência à relação entre a luta contra as alterações climáticas e a preservação dos ecossistemas e a biodiversidade, nomeadamente a preservação das florestas, fontes estabilizadoras do clima e sumidouros de carbono.
Jorge Palmeirim teme que no futuro sejam “aproveitadas abertas” contidas no documento para não se avançar na luta contra a crise climática. Mas diz que o documento para já é positivo.