Depois da controvérsia sobre a associação entre imigração e insegurança, o presidente do PSD, Luís Montenegro, fez hoje questão de deixar uma mensagem de acolhimento dirigindo-se a um imigrante em Leiria.
Perante a comunicação social, Luís Montenegro trocou breves palavras com um imigrante que estava na Avenida Heróis de Angola durante a passagem da comitiva da Aliança Democrática (AD), numa ação de rua no centro de Leiria, hoje à tarde.
“Precisamos de vocês aqui, e para ficar cá, está bem?”, disse-lhe o presidente do PSD. “Gosto de Portugal”, respondeu o homem. “E nós também gostamos de vocês cá e que fiquem cá, está bem? Boa sorte e contem connosco”, reforçou Luís Montenegro.
Quando o presidente do PSD se afastou, o imigrante, que se expressava em português com dificuldade, declarou aos jornalistas que veio do Senegal, está em Portugal há cerca de oito meses, neste momento sem trabalho, e mostrou não saber quem era Luís Montenegro: “Ah, ele é candidato?”.
Esta conversa aconteceu três dias depois de, num comício da AD, em Faro, o ex-primeiro-ministro e antigo presidente do PSD Pedro Passos Coelho ter feito um discurso que gerou controvérsia em que considerou que houve um aumento da insegurança em Portugal, que associou à imigração.
Em Leiria, Luís Montenegro voltou a ser questionado sobre as sondagens, que relativizou, apelando aos jornalistas para, “com todo o respeito”, contribuírem para “fazer pedagogia” nesta matéria: “Não é entre um dia e outro, com uma oscilação de mais um ponto para trás, mais um ponto para a frente, que os indecisos estão a aumentar. Não acreditem nisso, porque eu também não acredito”.
O presidente do PSD manifestou-se despreocupado com oscilações de “um ponto ou dois” e sustentou, com base em atos eleitorais passados, que se perde “muito tempo a discutir esse assunto e depois no dia das eleições as coisas acontecem e acontecem com força”.
Luís Montenegro, que tinha atrás de si dezenas de apoiantes da coligação PSD/CDS-PP/PPM, afirmou que espera “uma alta taxa de participação” nas legislativas antecipadas de 10 de março e sente na rua “uma genuína vontade de mudar”.
O ex-líder parlamentar do PSD apresentou a AD como “uma mudança segurança”, um projeto “que quer dar mais crescimento à economia, que quer dar melhores salários, que quer dar mais serviços públicos, mas que não é uma aventura”.
Interrogado se não teme que a presença de figuras do Governo PSD/CDS-PP que esteve em funções no tempo da ‘troika’, como Passos Coelho, façam a AD perder eleitorado do centro, remeteu essa análise para os programas de comentário.
“Ninguém está a fazer essa análise na sociedade, no dia a dia comum de um português essa análise não existe”, acrescentou.
Logo no início desta ação de rua, Luís Montenegro ouviu uma vendedora de castanhas lamentar que tenha sido atingido com tinta por um jovem ativista, na quarta-feira: “Isso não se faz, é muito feio, nós temos de ter respeito por toda a gente. Força”.
O presidente do PSD agradeceu-lhe “do coração” e realçou que esse episódio não provocou grandes danos: “Estou impecável, tenho só aqui um ardorzito, nada de mais”.
Aos jornalistas, reiterou que não tenciona ter segurança reforçada: “Eu sinto-me bem, sinto-me seguro, e espero continuar a sentir-me bem e seguro sem necessidade de ter essa colaboração”.
“Se algum dia a situação mudar, evidentemente que a democracia exige que as pessoas que estão na atividade política possam ter uma liberdade completa de movimentos e de expressão e é isso que eu pretendo fazer até ao fim da campanha”, completou.
De Leiria, a campanha da AD partiu para o distrito de Santarém, onde Montenegro visitou o Centro de Estágios de Rio Maior para atletas de alto rendimento e assumiu o compromisso de valorizar o desporto ao nível das políticas públicas, a par da cultura, embora ressalvando que a prioridade terá de ir para áreas como saúde, educação ou habitação.
“Bom desporto e boa cultura têm efeito na saúde e também na educação”, defendeu, admitindo que um Governo que lidere poderá dar incentivos fiscais a quem financie associações desportivas.
O presidente do PSD recebeu do nadador Miguel Nascimento, já qualificado para os Jogos Olímpicos de Paris, uma touca com o símbolo da seleção nacional. “Tinha-me dado muito jeito ontem [quarta-feira]”, gracejou.
Nesta visita estiveram presentes dois antigos secretários de Estado do Desporto do PSD, Emídio Guerreiro e Hermínio Loureiro.