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Organização ambientalista processa maior banco neerlandês por apoiar empresas poluidoras

Data de publicação
19 Janeiro 2024
17:24

A organização ambientalista neerlandesa “Milieudefensie” vai processar o principal banco do país, o ING, por apoiar empresas poluidoras, e exige uma redução de emissões até 2030 de quase 50%, foi hoje anunciado.

A associação, filial neerlandesa da “Amigos da Terra”, rede internacional de organizações ambientalistas em mais de 70 países, ganhou em 2021 um processo que considerou histórico contra a multinacional petrolífera Shell.

Numa conferência de imprensa, o diretor da organização, Donald Pols, disse hoje que pretende que o banco em 2030 tenha reduzido para metade as emissões em comparação com 2019, e que deixe de colaborar com empresas poluentes.

“A exigência abrange todas as emissões do ING, o que inclui as emissões das empresas poluentes com as quais o banco faz negócios, como o setor do petróleo e do gás. O ING é o maior banco dos Países Baixos e financia empresas poluentes com mais dinheiro do que todos os outros bancos holandeses”, diz a “Milieudefensie” num comunicado.

Donald Pols, citado no documento, afirmou: “O banco financia empresas petrolíferas e de gás, a desflorestação e a indústria pesada, que contribuem para a crise climática. Quer esteja a perfurar petróleo ou tenha pago pela perfuração, em ambos os casos está a contribuir e é responsável pela crise climática que vivemos atualmente. Em 2022, o banco foi responsável por, pelo menos, 61 megatoneladas de gases com efeito de estufa. Mesmo um país como a Suécia teve emissões mais baixas”.

Motivos suficientes para a organização voltar a tribunal, com o apoio de milhares de pessoas, justificou.

Afirmando que o ING é o banco da crise climática, os ambientalistas salientam que 99% das emissões da instituição financeira resultam de empréstimos e colaborações com empresas poluentes, e exigem que o banco peça um plano de transição em linha com o Acordo de Paris sobre o clima a todas as grandes empresas com as quais colabora.

O ING deve também deixar de financiar empresas que iniciem novos projetos de petróleo e gás.

Os responsáveis da associação, ainda de acordo com o comunicado, admitem que o ING está a dar “pequenos passos na direção certa”, mas ainda assim a política do banco continua a ser “muito inadequada”, por exemplo ao tencionar continuar a financiar novos projetos de petróleo e gás até 2040.

Roger Cox, advogado da associação neerlandesa, disse, citado no documento: “Desde os acordos climáticos de Paris, é claro o que o mundo precisa de fazer: reduzir as emissões de dióxido de carbono (CO2) para limitar o aquecimento da Terra a 1,5 graus. Isto significa que os grandes poluidores como a ING e a Shell têm de começar a trabalhar a sério. É evidente que não estão a fazer o suficiente e, por isso, estou confiante de que também ganharemos este caso”.

No comunicado, os ambientalistas advertem que a nova ação judicial hoje divulgada não deixa de fora as outras 27 grandes empresas poluidoras que têm em lista, e avisam que as continuarão a pressionar e vigiar.

Em maio de 2021 um tribunal do distrito de Haia decidiu que a Shell tem de reduzir as emissões de CO2 de forma mais acelerada e deve atuar em consequência no curto prazo, para “contribuir para a luta contra as alterações climáticas”, através da sua política empresarial e reduzir em 45% as suas emissões em 2030, em comparação com o nível de 2019.

Foi “uma grande notícia e uma vitória enorme para o planeta, os nossos filhos e um grande passo para um futuro habitável para todos”, disse então Donald Pols, realçando que a justiça dos Países Baixos “não deixou qualquer dúvida: a Shell está a provocar alterações climáticas perigosas e agora deve travá-las rapidamente”.

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