O PS considera que o plano de emergência apresentado pelo primeiro-ministro representa uma “clara linha de privatização” do Serviço Nacional de Saúde (SNS), através da sua descapitalização, e contém vários objetivos sem qualquer densificação ou concretização.
Esta análise foi feita pela líder parlamentar socialista, Alexandra Leitão, em conferência de imprensa, após Luís Montenegro ter apresentado o programa de emergência para a saúde, numa intervenção em que disse que este plano pretende esgotar os recursos do SNS até ao limite, embora conte também com os setores social e privado de forma complementar.
Perante os jornalistas, a antiga ministra socialista manifestou divergências de fundo face ao teor do plano de emergência do Governo para a saúde.
“Em primeiro lugar, são apresentados objetivos e intenções pouco densificados e nada concretizados. Depois, na parte que está concretizada desse plano, verifica-se o que temíamos: Há um avanço da privatização do SNS”, concluiu a presidente do Grupo Parlamentar do PS.
Alexandra Leitão referiu que o objetivo de reduzir listas de espera, designadamente para os doentes oncológicos, merece “naturalmente” concordância, mas mesmo nessa área não se encontra detalhada a resposta como essa meta se poderá concretizar.
“Outro objetivo é dar um médico de família a todos os portugueses no horizonte da legislatura, mas também aqui não encontramos resposta. Porém, onde encontramos resposta, encontramos resposta exatamente na privatização”, advogou a líder da bancada socialista.
De acordo com Alexandra Leitão, o primeiro-ministro, na conferência de imprensa em que apresentou o plano de emergência, “disse que queria os privados e o setor social dentro do SNS”.
“O que significa isso? Temo que signifique descapitalizar o SNS”, frisou, dizendo que outro indício dessa política de privatização resulta da intenção do executivo PSD/CDS-PP “de pagar mais pelas convenções, designadamente em matéria de meios de diagnóstico”.
“Assistimos ao mesmo no que respeita ao reaparecimento das unidades de saúde familiares modelo C, que são privatizadas para grupos de privados. Há, portanto, duas linhas constantes neste programa do Governo: Ou meros objetivos em que se desconhece como poderão ser alcançados; ou uma linha clara de privatização do SNS”, sustentou a antiga ministra socialista.
Alexandra Leitão referiu-se ainda ao objetivo do primeiro-ministro de “esgotar toda a capacidade instalada no SNS”, dizendo que é caso para lhe perguntar o seguinte: “Será que considera que os profissionais de saúde trabalham tão pouco que ainda podem trabalhar mais?”
“Estamos perante uma mão cheia de nada, mas aquilo que aparece concretizado deixa-nos francamente preocupados, uma vez que a linha de privatização está claramente traçada nesse plano”, acrescentou.