O candidato a secretário-geral do PS Pedro Nuno Santos defendeu hoje que o partido “ainda é machista”, apesar de priorizar o combate pela igualdade de género, e comprometeu-se a “continuar a aperfeiçoar a lei da paridade”.
“Não haja dúvidas, nós fomos tomando a dianteira na defesa da igualdade de género e no combate pela igualdade de género em Portugal, mas nós ainda continuamos com um partido que é machista”, defendeu Pedro Nuno Santos.
Num encontro com mulheres socialistas, na sede do PS, em Lisboa, o ex-ministro e deputado elogiou a estrutura do partido Mulheres Socialistas e fez questão de distinguir o conceito de machismo de feminismo.
“O feminismo o que quer é mesmo a igualdade. É por isso que eu me considero um feminista”, assumiu, numa declaração que arrancou aplausos de uma plateia composta maioritariamente por mulheres.
Pedro Nuno Santos argumentou que “basta olhar para as lideranças das federações do PS” para sustentar a ideia de que o partido ainda é machista, referindo que as 21 federações são lideradas por homens.
“Algo está mal quando um partido que quer liderar a agenda da igualdade de género continua a ter uma liderança que é esmagadoramente masculina”, lamentou.
O candidato à liderança do PS realçou ainda a “importância das quotas e da lei da paridade” para que “todas as meninas que estão em casa” não assumam que a política é feita apenas por homens.
“As quotas têm esse papel. Para que as meninas entendam que não há temas de homens e de mulheres, que os temas são de todos, são também delas. O exercício do poder não é do pai, nem do irmão, nem do tio. É da mãe, da tia e da irmã. É por isso que foi tão importante estes avanços e é por isso também que precisamos de continuar a aperfeiçoar a lei da paridade e esse compromisso eu quero aqui assumir”, garantiu.
Numa intervenção de cerca de vinte minutos, Pedro Nuno Santos criticou a atual disparidade salarial entre homens e mulheres, lançando críticas à direita por “justificar esta realidade com base no mérito”.
Rejeitando esta tese, Pedro Nuno Santos apontou mulheres “que dedicam todo o seu dia a cuidar do outro”, como as que trabalham em creches ou lares e defendeu que o trabalho social tem que ser mais valorizado.
Durante o encontro intervieram algumas dirigentes socialistas, nomeadamente Edite Estrela, vice-presidente da Assembleia da República e presidente da comissão política nacional das Mulheres Socialistas, que deixou um “caderno reivindicativo” para Pedro Nuno Santos apelando, por exemplo, ao aperfeiçoamento da lei da paridade.
“Tínhamos isso em carteira, se não tivesse sido interrompida a legislatura, porque tínhamos uma maioria absoluta. Porque, meu caro Pedro Nuno Santos, se um partido consegue eleger 12 deputados e apenas uma mulher significa que a lei da paridade tem que ser melhorada”, disse, numa referência à bancada parlamentar do Chega.
Edite Estrela disse ainda ser apoiante de Pedro Nuno Santos “com o coração e com a razão”, recuperando um ‘slogan’ de campanha de António Guterres, nas legislativas de 1995, defendendo que a política precisa de “entusiasmo e emoção”.
“Não gosto do morno nem de pessoas mornas, gosto das pessoas que têm garra, das pessoas que entusiasmam e de pessoas que têm emoções”, disse.