O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, manifestou-se hoje em Faro contra os projetos de outros partidos para a regulamentação do ‘lobbying’, por considerar que se trata da “legalização da criminalidade”, prometendo lutar contra estas propostas.
“É notável que perante estas negociatas que estão agora a vir ao de cima, perante a promiscuidade, perante o tráfico de influências, perante isto tudo, aquilo que se quer fazer hoje é simplesmente legalizar todos e cada um destes crimes que estão em cima da mesa”, disse Paulo Raimundo.
Durante uma intervenção num almoço em Faro, que reuniu cerca de 300 pessoas, o líder dos comunistas frisou que aqueles “que enchem a boca e o peito” com palavras de combate à corrupção, o que querem fazer “é legalizar todos e cada um dos crimes que estão aí”.
“É isto que pretendem com a chamada regulação do ‘lobbying’, é isto que pretende o PS com o seu projeto, o PSD com o seu projeto, o Chega com o seu projeto e a Iniciativa Liberal com o seu projeto”, prosseguiu, prometendo lutar contra estas propostas.
O ‘lobbying’, que consiste em acionar mecanismos de representação de interesses com o objetivo de influenciar decisões públicas e políticas, é uma atividade que vários partidos, à exceção do PCP e Bloco de Esquerda, já anunciaram que vão tentar regulamentar na próxima legislatura.
Em Portugal, o ‘lobbying’ já esteve próximo de ser regulamentado, mas Marcelo Rebelo de Sousa vetou esse diploma em 2019 e, em 2021, a tentativa de regulamentação da atividade voltou a ser interrompida pela dissolução da Assembleia da República.
“Podem faltar muito alto, podem berrar muito, podem esbracejar, mas a justiça e a luta, a justiça e o combate justo à corrupção está do nosso lado, está do lado do povo, está do lado dos trabalhadores e não vamos permitir que se legalize a criminalidade”, insistiu Paulo Raimundo.
Segundo o secretário-geral do PCP, a situação a que o país chegou tem como responsáveis o PS, o PSD, o CDS, a Iniciativa Liberal e o Chega, que “estão comprometidos até ao pescoço” com as orientações e práticas que levaram Portugal à situação atual.
“E é extraordinário que não se oiça uma palavra, uma única palavra que seja, deste conjunto de partidos e forças, sobre aquele que é o maior foco de corrupção no nosso país que são as privatizações. Sobre as negociatas e a corrupção que está diretamente associada às privatizações, nem uma palavra. É um silêncio absoluto e compreende-se bem porquê”, frisou.
Para Paulo Raimundo, este silêncio deve-se ao facto de PS, PSD, Chega, Iniciativa Liberal e CDS estarem “todos comprometidos”, serem “todos cúmplices” e promotores “desse autêntico crime económico, financeiro e político que foram e são as privatizações”, e é por isso que “não dizem nada”.