Cerca de duas centenas de tratores e máquinas agrícolas que hoje efetuaram uma marcha lenta entre Bombarral e Caldas da Rainha começaram a desmobilizar perto das 17:00, com uma última marcha de protesto pelo centro da cidade.
“Esta foi a primeira, mas haverá mais”, afirmou o agricultor José Marcelino, no plenário que encerrou a jornada de protesto que hoje movimentou cerca de duas centenas de tratores numa marcha lenta entre o Bombarral e as Caldas da Rainha, ambos no distrito de Leiria.
Os agricultores partiram do Bombarral pelas 08:45, efetuaram uma concentração em Óbidos e rumaram a Caldas da Rainha, onde se concentraram, a partir das 14:30, num plenário informal no Campo da Feira.
Durante o plenário foi apresentado um manifesto reivindicativo, assinado no final pelos manifestantes, com o objetivo de vir a ser entregue ao futuro ministro da Agricultura, após as eleições legislativas de 10 de março e a formação do novo Governo.
“Não interessa entregar o manifesto à atual ministra [da Agricultura, Maria do Céu Antunes], que é uma carta fora do baralho”, disse o fruticultor Nicolau Félix, do Movimento Cívico de Agricultores do Oeste, sustentando que o documento com 14 reivindicações traduz “exigências que vão fazer muito pelo Oeste, mas também pela agricultura nacional”.
Por isso, deixou ao próximo responsável pela pasta da Agricultura o aviso de que os agricultores “vão ficar verdadeiramente vigilantes” para que sejam cumpridas as medidas que “têm que avançar muito em breve, porque daqui a duas ou três legislaturas será tarde” para salvar um setor que exige “um grande esforço, quase a roçar o masoquismo”.
Do protesto de hoje saiu, além do manifesto, a convicção de que os agricultores “tem que estar unidos para serem ouvidos”, lembrou, por seu lado, José Marcelino, que a fechar o plenário realizado esta tarde deixou um apelo aos seus pares: “não desesperem, porque se nos continuarem a pisar os calos vamos todos para Lisboa”.
E nesse dia, acrescentou, “não será apenas o Oeste, serão os agricultores de todo o país” que acredita poderem avançar para um protesto nacional do setor que “fechará Lisboa”.
A marcha lenta provocou durante a manhã constrangimentos à circulação na Estrada Nacional (EN) 8, entre o Bombarral e as Caldas da Rainha, com parte do trânsito a ser desviado para a Autoestrada 8.
Os tratores, que chegaram a Caldas da Rainha cerca das 13:00, provocaram também algumas perturbações ao trânsito durante o atravessamento da cidade, orientado pela PSP, tendo depois ficado concentrados no campo da feira até desmobilizarem, com mais uma marcha pela cidade.
A marcha lenta foi organizada pelo Movimento Cívico de Agricultores da Região Oeste, um movimento espontâneo criado entre os profissionais do setor na região e que, de acordo com Nicolau Félix, conta com “cerca de 1.000 agricultores”.