Apesar da distância temporal que nos separa, bem como do distinto contexto geopolítico, a verdade é que este princípio deve continuar a orientar a nossa "pequena" economia. O panorama regional deve garantir uma reforçada aposta em modelos produtivos que atraiam mais agricultores, visando uma agricultura regional mais moderna e sustentável, e, igualmente, mais produtiva.
No entanto não tem sido esta a visão estratégica implementada na Região. E quem o diz é a própria Direção Regional de Estatística (DREM) que, no início deste mês, atualizou os resultados do Recenseamento Agrícola para 2019.
E os dados não poderiam ser mais claros em (re)afirmar tudo o que o JPP tem vindo a alertar nos últimos anos, e que tem sido energicamente negado pelo Governo e pelos seus leais seguidores parlamentares. Na última década, a população familiar agrícola apresentou uma redução de quase 4 mil pessoas, traduzindo-se numa diminuição de 9%. Perdemos 15% da Superfície Agrícola Utilizada, tivemos quebras significativas na maior parte das culturas (com particular destaque para as hortas familiares) e tivemos uma notória redução no número de explorações agrícolas e da área média por exploração, com uma redução de quase 30% de terra cultivável.
A pecuária segue a mesma tendência, com uma quebra significativa na produção de bovinos que caiu para 3,9 mil (-15%). A quebra na suinicultura é ainda mais preocupante, com um decréscimo de 78% (passaram de 16,6 mil para 3,7 mil).
Mas este desinvestimento é particularmente agravado na produção agrícola em modo biológico, onde a área agrícola diminuiu 26% (em mais de 64 hectares) e onde continuamos a verificar a necessidade de um verdadeiro quadro de incentivos.
Perante a crueldade dos números que refletem o estado de abandono e a clara negligência governativa que tem colocado sérias pressões sobre este setor, os deputados sociais-democratas vociferaram e tentaram apressadamente negar as evidências, acusando o JPP de "inventar" os números (que são, ironicamente, publicado pelo próprio Governo Regional).
Existem opções e uma consequente leitura política. O futuro da Madeira e da sua agricultura não pode ficar refém de uma falta de estratégia relativamente ao nosso setor primário - a Região tem capacidade de ser mais… muito mais. Mas acima de tudo não podemos ficar prisioneiros de reformas políticas incoerentes e desajustadas, que beneficiam, unicamente, os negócios e as empresas ligadas à importação e aos portos, em prejuízo dos nossos agricultores que, todos os dias, trabalham a terra, e que garantem a excelência dos nossos produtos regionais e a sobrevivência da nossa agricultura.
Mas, para que não existam dúvidas, e em pleno respeito pela transparência que sempre norteou o meu trabalho político, convido o caro leitor a acompanhar o site oficial do Governo e a tirar as suas próprias conclusões - https://estatistica.madeira.gov.pt/.