MADEIRA Meteorologia

Artigo de Opinião

19/03/2021 08:00

Vejamos alguns exemplos. Para viajar é preciso estradas, aeroportos e edifícios (um hotel, por exemplo). Tudo isto é construção civil. A mitigação de riscos geológicos, para segurança das populações, de que são exemplo as consolidações de escarpas, também é construção civil. Para que um restaurante funcione é preciso um espaço físico, para que um hotel opere é preciso ter quartos, para que serviços funcionem é preciso haver edifícios, acessos, redes de águas e de saneamento básico... Construção, construção, construção.

Aqui chegados, expliquem-me a razão de, seja qual for a obra estruturante de que se fale, aparecer imediatamente um pequeno bando de carpideiras, quase sempre as mesmas, a criticar, munidas das suas brilhantes "opiniões técnicas". A última, fique registado, é a ampliação do molhe da Pontinha.

Será que dizem, por exemplo, que a obra de ampliação do aeroporto não devia ter sido realizada? Expliquem esse raciocínio a quem depende do turismo. Ou, melhor, expliquem isso a todos os madeirenses.

Será que ainda dizem que as vias rápidas não deviam ter sido construídas? Apresentem esses argumentos às populações que delas beneficiam e às famílias que dependem dos postos de trabalho gerados na economia local que essas vias de comunicação permitiram desenvolver.

Serão as escolas que não deviam ter sido construídas? Ou serão os centros de saúde?

Invariavelmente, as tais carpideiras acabam encurraladas num pequeno número de intervenções menos felizes, mas a árvore não pode ser tomada pela floresta. Só mal-intencionados podem discordar disto.

Fiquem também os "donos dos postos de trabalho qualificados" a saber que na construção há efetivamente muitos postos de trabalho qualificados, para além dos postos de trabalho que põem comida na mesa de quem tem menos qualificações.

De acordo com dados do INE publicados no início desta semana, a Região Autónoma da Madeira apresentou uma variação homóloga positiva de 14,3% do número total de edifícios licenciados no 4.º trimestre de 2020 e um aumento homólogo de 11,3% no mesmo trimestre dos edifícios concluídos (construções novas, ampliações, alterações e reconstruções). O crescimento do número de fogos em construções novas para habitação familiar na Madeira registou o maior crescimento homólogo nacional, de 34,5%, o mesmo se verificando nas obras concluídas em construções novas (37,5%). Em geral, os dados do setor na Região são dos melhores verificados em todo o país, que são globalmente positivos, confirmando o otimismo que se sente junto dos agentes do setor, apesar da pandemia.

Perante tão grave crise, de dimensão ainda por conhecer, os setores da construção e do imobiliário, a que se junta o investimento público, estão a ser o principal suporte da economia, garantindo a manutenção de muitos postos de trabalho na nossa Região (no setor da construção e empresas conexas são cerca de vinte e cinco mil). Os dois primeiros estão a demonstrar uma resiliência que poucos antecipariam há pouco tempo.

Se há uma lição a tirar da atual pandemia é que não existem cestas suficientemente seguras para colocar grande parte dos ovos. Todos os setores que contribuem, de forma sustentada e sustentável, para o bem-estar das populações devem ser valorizados.

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