Nestes dias de confinamento e de cumprimento de horários de recolher obrigatório tenho tido a oportunidade de assistir aos noticiários do fim do dia nos nossos tão isentos e lusos canais de televisão. Vou ser sincero, para mim é uma tortura diária vespertina autoinfligida ao meu espírito democrata. O que é que se passa na cabeça desta gente, leia-se jornalistas, editores e redatores de quase todos os canais que nos entram pela casa dentro? Como pode um país estar à beira de um abismo epidemiológico e sanitário, refém de um confinamento esdrúxulo, encharcado num plano de vacinação incompetente e enfiado até à cabeça num pântano de uma recessão económica sem precedentes, e o governo e seus actores passarem sem uma beliscadela ou sequer uma pergunta mais pertinente ou incómoda? Reconheço que a habilidade do primeiro-ministro e seus correligionários é abundante, mas a missão do jornalismo é informar, através da verdade e da apresentação dos factos. Os telejornais têm de ser mais do que um desfile de governantes bem "breefados", os noticiários não se podem converter na gala dos "Globos de Ouro", ou, no caso em concreto, "Globos Rosa". Haja decência e decoro, assim não há jantar que me caia bem…
Uma carta aberta e sem vergonha
Neste frenesim noticioso e pouco apetitoso, quase incrédulo, tomei conhecimento de uma carta aberta dirigida às televisões generalistas "tugas" de um grupo de notáveis a pedir contenção na informação sobre a pandemia e a criticar o que estes consideram ser um excesso informativo. Este grupo, célula ou comuna (não consegui perceber), de intelectuais de esquerda, peço desculpa pelo pleonasmo, claro que se são intelectuais têm de ser de esquerda, rejeitam também o tom mais agressivo supostamente utilizado em algumas entrevistas e uma "obsessão opinativa" (também não consegui perceber de quem é esta obsessão). Se isto estava bom, melhor ficou, então, além dos telejornais se terem tornado autênticos concursos de misses (leia-se ministros e ministras), esta malta quer agora assistir a concursos de talentos infantis… e ainda por cima curtos, pois na missiva ainda assinalavam a excessiva duração dos telejornais, contraproducente em termos informativos… claro que se é para as crianças não pode ser muito extenso, é melhor mesmo ficarmos pelo genérico e pela meteorologia… o que acham?
O padrão da estupidez
Além das notícias "boazinhas" e das cartas escancaradas, nestes últimos dias bastantes informativos, mas muito pouco formativos tive o prazer de conhecer uma figura cimeira da nossa nação, de nome Ascenso Simões, porventura doutor, as minhas desculpas. Então não é que esta figura proeminente do "submundo" socialista português advogou através de um sublime artigo no Público que o Padrão dos Descobrimentos deveria ser demolido. O escriba defendeu e parece que continua a defender esta ideia pelo facto de o salazarismo não ter morrido e este monumento ser uma evocação ao regime ditatorial. Com algumas metáforas pelo caminho, umas mais literais que outras, o homem lá arengou o que lhe vinha na alma. A intolerância (ou será ignorância?) é tal que nem parou para pensar que o monumento, apesar de ter sido erigido por Salazar, evoca os nossos antepassados, a nossa epopeia como nação. Foi com os descobrimentos, enfrentando os mares e o escorbuto, que desbravámos o mundo. Os portugueses ainda hoje enfrentam os mares com coragem e determinação, mas, em vez do escorbuto a enfermar as naus, têm agora o socialismo a ensombrar o país. Pelo sim, pelo não, é melhor comer umas laranjinhas…
Socialismo em estado líquido
Na maratona informativa, depois do jantar lá vêm as notícias regionais. É o momento mais cómico, sobretudo quando o PS regional dá o ar da sua graça. Mas, é sempre confrangedor, os da capital bebem água, mas não a querem pagar, não está certo. Os da assembleia só falam da Ginja(s) e do Porto, mas que raio de fixação tem esta gente por estas bebidas? No devaneio etílico, nunca se lembram de falar do Madeira, esse sim importante, por que será? Ainda por cima vai muito bem com broas de mel e sempre enxuga um bocado…