Abrimo-lo, hoje, com a memória do voto a São Tiago Menor. Há 500 anos, entregamos-lhe a vara da saúde e pedimos a sua intercessão para o fim da peste. E temos arrumado os nossos passos, pelas ruas da cidade, com colares de sol ao pescoço, pedindo-lhe, ano após anos, força para continuarmos a trabalhar. Este ano, apesar dos pesares a que a pandemia nos obriga, não deixaremos de lhe pedir ajuda nestes tempos que nos mostraram, por um lado, a nossa fragilidade, mas por outro, a nossa capacidade de continuar a lutar: pela saúde, pelo trabalho, pela devolução de uma certa normalidade.
Em maio, as mães, lugares-colo, chão de todos os começos, beijos de Deus aos homens. Nelas se compõem todos os sonhos do mundo. Os melhores. Os mais perfeitos. Os mais. Nas mães, a espera tem sentido, é esperança.
Em maio, a Senhora de Fátima, o lugar dos simples. Sei que lá, aos pés de Maria, se depositam também os nossos sonhos, os de dentro, os que não ousamos contar, porque, simplesmente, não são coisas de se dizer. Maio reveste-se desse silêncio branco da luz das velas e resume, em nós, o voto e a mãe, o pedido e a gratidão. Todos os sonhos do mundo, portanto.
Em maio, nós, neste aqui que nos surpreende, sempre que olhamos para ver. Nós e a capacidade imensa de recriar a vida em cada obra de arte, em cada poema, em cada sorriso, em cada desenho dançado das nuvens.
Maio é guardião da essência de nós. E da memória. A esperança chega-nos, então, pela brisa da tarde e visita este tempo que nos foi dado viver. Os pássaros cantam, em maio. A luz é lavada. E voltamos a acreditar que há um lugar, no por-dentro de nós, onde ainda moram todos os sonhos do mundo.