Ora vejamos, a 15 de Janeiro deste ano, o governo federal Canadiano impôs a obrigatoriedade de apresentação do certificado de vacinação para todos os camionistas Canadianos que entrem no país vindos dos Estados Unidos. Como existe controlo de fronteira para se entrar no país por via terrestre, tal obrigatoriedade pareceria muito normal para o dito cidadão comum. Fazia sentido. Uma semana depois a 22 de Janeiro era a vez dos Estados Unidos introduzirem a mesma medida para se entrar no país, vindo do Canadá. Pois bem, um mês depois algumas províncias já eliminaram essa obrigatoriedade devido a redução substancial do número de infecções pela variante Omicron e na província do Ontário, onde se situa Toronto e Ottawa (a capital federal do País), essa obrigatoriedade deixará de existir a 1 de Março. Pois bem, este era "supostamente" o motivo amplamente divulgado e que levou largas centenas de pessoas pelo Canadá inteiro a se juntar à causa. Concorde-se ou não, o protesto teve uma mobilização nunca antes vista, em meios humanos, logísticos e financeiros.
Inicialmente foi criado no "GoFundMe" uma recolha de fundos para o protesto do "Freedom Convoy 2022", angariação que em poucos dias juntou 10 milhões de dólares Canadianos (cerca de 6.9 milhões de euros). Deste valor, 1 milhão de dólares chegou a ser transferido para a organização do protesto, os restantes acabariam por ser congelados pela plataforma a pedido do governo federal. Claro que isso não foi problema, outras contas de angariação surgiram, tendo a mais conhecida sido na plataforma GiveSendGo que viria igualmente a ser congelado.
O "Freedom Convoy 2022" iniciou a marcha a 22 de Janeiro, desde vários pontos do Canadá, nomeadamente das províncias da Columbia Britânica e de Alberta em direção à capital federal Ottawa. Pelo caminho mobilizou várias outras centenas de camiões, veículos ligeiros e de mercadorias. A 29 de Janeiro tomava conta do centro da capital Ottawa até hoje. O que para muitos seria supostamente uma manifestação de um ou dois tornou-se um "gigante" difícil de conseguir desmobilizar. Camiões, buzinas ensurdecedoras, famílias e crianças a viver nos carros e camiões, jarricans de gasolina de um lado para o outro, música, e tudo o que possa imaginar. A gravidade desde o primeiro dia tem sido, a falta de capacidade da polícia da cidade em por termo difícil à ocupação da cidade, tomada um grupo de pessoas que desde o início tinha como objetivo derrubar o primeiro-ministro Justin Trudeau e não apenas exigir o cancelamento da exigência de apresentação dos certificados de vacinação.
*Universidade de Windsor, Canadá