Criado no âmbito da Capital Europeia da Cultura Esch-sur-Alzette 2022, e coordenado pela portuguesa Heidi Martins, investigadora no Centro de Documentação sobre Migrações Humanas (CDMH), e pela italiana Chiara Ligi, artista e produtora criativa focada em património cultural imaterial e questões sociais. As cientistas sociais têm demandado ao longo dos últimos anos reavivar histórias de vida de emigrantes italianos e portugueses ligados à siderurgia e ao trabalho mineiro no Luxemburgo.
No caso específico da emigração portuguesa para o Luxemburgo, o projeto tem o condão de realçar o peso estruturante e histórico da comunidade lusa no Luxemburgo, a maior comunidade no Grão-Ducado, representando cerca de 20% da população total deste país situado na Europa Ocidental, limitado pela Bélgica, França e Alemanha.
Um fluxo emigratório que começou no fim da década de 1950, época em que se iniciou o fenómeno maciço da emigração portuguesa da segunda metade do séc. XX para os países industrializados da Europa Ocidental, especialmente para França. Um fenómeno marcante na sociedade portuguesa, sobretudo nos anos 60 e 70 durante a ditadura salazarista, quando mais de um milhão de portugueses partiram a "salto" motivados pela procura de melhores condições de vida ou em fuga à Guerra Colonial.
Nas décadas de 1960-70, a emigração portuguesa teve um forte impulso assistindo-se à chegada ao Grão-Ducado de milhares de portugueses, homens para trabalhos nas obras, e as mulheres para as limpezas, essencialmente concentrados na cidade do Luxemburgo e no Sul, embora se encontrem dispersos portugueses por todo o território.
Mantendo-se como um dos principais destinos da emigração portuguesa, atualmente a dinâmica da emigração lusa para o Grão-Ducado, na linha de outros destinos migratórios, está mais qualificada. Jovens quadros técnicos e científicos portugueses optam cada vez mais por fazer carreira no estrangeiro, como é o caso do Luxemburgo, devido a melhores oportunidades, progressão de carreira e salários, razões que explicam que desde o início do séc. XXI a percentagem dos diplomados do ensino superior na população portuguesa emigrada nos países da OCDE tenha crescido de forma exponencial.