No Encontro de Associações Insulares Atlânticas de Engenheiros, realizado no Museu Casa da Luz, os painéis destacaram práticas e desafios relacionados ao turismo sustentável, com intervenções focadas no equilíbrio entre desenvolvimento económico, preservação ambiental e bem-estar das comunidades insulares.
Ara Oliveira, diretor regional do Ambiente da Madeira, salientou a importância de uma gestão integrada dos recursos na região e o impacto da política de coesão da União Europeia nas regiões ultraperiféricas. Apresentou dados sobre os avanços ambientais da Madeira entre 2018 e 2023, incluindo a estabilização da produção de resíduos per capita apesar do aumento de 31% no turismo e do crescimento populacional. Afirmou que “o turismo na Madeira tem sido gerido de forma a evitar os problemas associados ao turismo de massas, priorizando qualidade em vez de quantidade”. No entanto, defendeu “medidas mais duras” para incentivar transportes públicos e reduzir a dependência de viaturas de aluguer.
Carolina Mendonça, coordenadora da DMO Açores, destacou a certificação dos Açores como destino sustentável, enfatizando que esta não é apenas “um selo”, mas uma estratégia que avalia continuamente cerca de 400 indicadores, como eficiência energética e gestão de resíduos. “A sustentabilidade só é eficaz se for um processo colaborativo”, afirmou, explicando o papel dos grupos de trabalho insulares e o uso da plataforma EarthCheck para monitorização. Sublinhou que os Açores, reconhecidos com uma certificação de ouro, têm como prioridade a preservação do turismo natural e a qualidade em detrimento do volume.
Mateu Oliver, decano do Colégio de Engenheiros das Baleares, abordou os impactos do turismo nas ilhas, sector que representa 50% do PIB regional, mas consome recursos de forma desproporcional, como os 600 litros de água por dia gastos, em média, por cada turista. Apontou ainda problemas sociais, como a especulação imobiliária impulsionada por estrangeiros. Destacou iniciativas como as das grandes cadeias hoteleiras, que adotam práticas circulares, mas reforçou a necessidade de apoiar hotéis menores. “O turismo é um processo industrial em que recebemos turistas tristes e os devolvemos felizes e bronzeados”, disse, alertando para a urgência de diversificação e sustentabilidade no setor.
O painel destacou a importância de colaboração entre governos, empresas e comunidades locais, sublinhando a necessidade de ações coordenadas que integrem inovação, mobilidade sustentável e circularidade como pilares do futuro das economias insulares.