A Iniciativa Liberal considerou, hoje, que as metas propostas por Miguel Albuquerque para a recuperação das cirurgias em 2024, para além de “irrealistas”, são também “um reflexo do desconhecimento alarmante das reais capacidades do Serviço Regional de Saúde”.
“A promessa de recuperar mais de 16.000 cirurgias por ano não implica fazer mais 36 por dia, mas um aumento diário de 44 em média (a acrescer às que já são feitas, para que fique claro), mesmo considerando nessa média a possibilidade inédita de existir recuperação de cirurgias em dias como o de Natal, o Primeiro do Ano e o Domingo de Páscoa”, alerta Nuno Morna, coordenador da Iniciativa Liberal Madeira.
Numa nota enviada à redação, o responsável aponta assim que a execução de tal número de intervenções cirúrgicas por dia “é uma fantasia que ignora as limitações operacionais do SESARAM e dos seus parceiros”, mais considerando que o orçamento de 9 milhões de euros anunciado para este fim “é insuficiente”.
Conforme realçou Nuno Morna, tal traduzir-se-ia em cerca de 565 euros por procedimento, o que “está longe do custo médio de qualquer cirurgia, mesmo as mais simples”.
Assim sendo, a IL acusa o Governo Regional de “um incorreto (ou pouco realista) planeamento orçamental”, o questionando, por isso, a seriedade da proposta.
“Há mais: a inexistência de recursos materiais e humanos suficientes para sustentar um aumento desta magnitude é uma barreira intransponível no imediato. É importante referir que já há uma forte otimização dos recursos públicos. Este é um trabalho que já é feito e deve ser elogiado. No entanto, precisamente pelo esgotamento dos recursos existentes, a capacidade de crescimento é muito reduzida e nunca poderá ser aumentada num passe de mágica, a exemplo dos números distantes da realidade que Miguel Albuquerque disparou aleatoriamente”, aditou ainda o partido.
A este propósito, a Iniciativa Liberal mais lamenta a “contínua relutância em colaborar com o setor privado na resolução estruturada dos problemas de todos”, o que, a seu ver, revela “uma miopia política que apenas agrava a incapacidade de resposta do setor público, deixando os pacientes numa situação ainda mais precária”.
“Estamos perante uma abordagem que, além de demonstrar uma falta de visão estratégica, não passa de desenquadrada retórica de campanha eleitoral, distante da realidade e das necessidades urgentes dos madeirenses. As promessas insuscetíveis de cumprimento prático apenas agravam o desespero daqueles que aguardam por tratamento”, rematou.