Miguel Silva Gouveia, engenheiro e antigo presidente da Câmara Municipal do Funchal, encerrou o painel de oradores sobre a Economia nos Estados Gerais do partido que estão a decorrer numa unidade hoteleira do Funchal.
Pediu aos presentes para que imaginassem uma Administração Pública ágil e eficaz, que seja um verdadeiro parceiro do setor privado. Pediu também que os presentes imaginassem uma Madeira em que o setor público não fosse entendido como um fardo.
Afirmando ser necessário refletir sobre os problemas que assolam a Madeira, Miguel Silva Gouveia partilhou três reflexões. A primeira tem a ver com o estado atual da carreira da administração pública. Sobre este tema, afirmou que quando era miúdo, qualquer pai e mãe madeirense, tinham como boa educação dos seus filhos, mantê-los afastados das drogas, inscrevê-los num partido, dar-lhes um curso e colocá-los no Governo. O cenário mudou muito. “É difícil manter um filho longe da droga, mantê-lo perto da faculdade e a participação dos jovens na vida política está cada vez mais difícil e isso viu-se nesta sala”, referiu. Já a própria administração pública, adiantou, tem deixado de ser atrativa para as novas gerações.
Destacou a progressão lenta, burocrática e disse que o sistema de avaliação na Administração Pública, está obsoleto. Miguel Silva Gouveia adiantou ainda que o setor privado tem oferecido melhores condições de captação. E adiantou a irrelevância em que caiu a senioridade na Administração Pública. Aquilo que temos visto, com o aumento do salário mínimo, é que todos os anos que os assistentes viram na subida da carreira, foram absorvidos pelo salário mínimo, o que provoca frustração e desmotivação”, afirmou o convidado para estes estados gerais.
Miguel Silva Gouveia lembrou que o setor público regional é aquele que mais emprega na Madeira. Ou seja, 128 mil dos 160 mil trabalhadores. O que representa 800 milhões de euros de despesas com pessoal. O que corresponde a quase metade de um orçamento da administração pública regional.
Assim, Miguel Silva Gouveia defendeu a reforma do sistema e o tentar acabar com as ‘capelinhas’. ´Promover a mobilidade promove também novas visões. O orador defendeu, na sua intervenção, que os planos de desenvolvimento para a Madeira, só servem para fazer cumprir o calendário da UE. Disse ser fundamental preparar a Região para uma Economia mais autónoma. Quando o relógio já batia as 13 horas, o antigo presidente da Câmara Municipal do Funchal e socialista madeirense, defendeu a necessidade de se antecipar os riscos de redução dos fundos de financiamento. Concluindo, disse que o setor público é fundamental para a Madeira mas precisa de reformas.“O momento de agir é agora. Temos um tecido empresarial resiliente mas que precisa de mais confiança. Não podemos continuar com soluções imediatas e soluções temporárias”, defendeu.
Hoje, acrescentou, a questão não é se precisamos de mudar. Mas se vamos ter a coragem de mudar. “O futuro da Madeira não pode continuar ao acaso”, finalizou.