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“Não ter uma posição forte para o país torna-nos fracos”

Data de publicação
29 Novembro 2024
11:49

O bastonário da Ordem dos Engenheiros, esta manhã, no Funchal, pediu aos governantes visão estratégica, decisão e capacidade de execução. “Não ter uma posição forte para o país torna-nos fracos”, frisou Fernando de Almeida Santos, durante a cerimónia de abertura do 3.º Encontro das Associações Insulares Atlânticas de Engenheiros que está a decorrer no Museu de Eletricidade “Casa da Luz”.

Perante uma plateia de especialistas das regiões insulares de Portugal (Madeira e Açores), Espanha (Canárias) e Cabo Verde, que se reúnem sob o tema “A Engenharia na Macaronésia”, o bastonário português reconheceu que a intervenção da OE, nos últimos anos, tem causado incómodos, “porque mexemos com vontades e poderes instalados”. “Mas o nosso papel é desenvolver Portugal”, reiterou o responsável, que aproveitou o momento para falar sobre o trabalho que tem vindo a ser realizado durante o seu mandato, procurando estar na vanguarda da engenharia e tirar dividendos em prol da sociedade “que queremos melhorar com o nosso contributo”.

O bastonário referiu-se ainda aos três grandes pilares da equipa da OE que está prestes a terminar o mandato em 2025. A valorização da instituição face aos desafios do XXI, face ao crescimento e modernização da profissão por via da criação de novos colégios de especialidade, como a engenharia biomédica, gestão industrial e aeronáutica. Novas ofertas com grande procura pelos jovens nas universidades, mas que depois não encontram saídas profissionais no país, pelo seu caráter inovador. Aludiu à dinâmica nova na OE para dar resposta à valorização destes novos profissionais.

Fernando de Almeida Santos garantiu o propósito da OE em olhar para a profissão atendendo à dimensão de valorização da sociedade e não apenas ao nível corporativo. “Queremos valorizar o engenheiro para valorizar a sociedade e Portugal”, afirmou.

Outro pilar é consolidar os vários níveis de intervenção da OE ao nível internacional, sendo este evento insular um exemplo dessa abertura. Portugal, disse, está numa fase em que não tem engenheiros em quantidade para dotar as empresas portuguesas com capacidade de resposta. “um problema europeu e ocidental”, admitiu.

O bastonário aludiu ao reforço do associativismo internacional para além da dimensão ibérica. A realidade da macaronésia, incluindo Cabo Verde e as associações congéneres mundial e europeia, tem trazido vantagens nas relações internacionais da OE nos últimos 10 anos. “Temos de aproveitar o nosso forte impacto em termos internacionais. Vamos continuar a apostar nestas parcerias, fomos que nós que dinamizamos o contexto da macaronésia, somos nós que queremos ser líderes mundiais, com a candidatura à associação mundial”, afirmou, revelando ter solicitado já a entrega das conclusões deste encontro no Funchal ao congresso nacional da OE, de forma a debater as questões da macaronésia e a perceber a idiossincrasias das regiões insulares.

Madeira é laboratório natural

A ouvir o bastonário esteve o secretário regional dos Equipamentos e Infraestruturas. Pedro Fino, que interveio na cerimónia de abertura em representação do Governo Regional, realçou a importância do encontro de profissionais de várias ilhas do Atlântico para troca de experiências e soluções mais sustentáveis, em benefício de regiões que partilham características como a Madeira. Neste caso, o governante apontou a Região como um “laboratório natural” para a engenharia devido à rica biodiversidade, à escassez de recursos, e à condição de insularidade, que exigem soluções específicas e inovadoras, atendendo ainda a um quadro de mudanças mundiais, com enfoque nas alterações climáticas.

Pedro Fino destacou o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido na RAM, considerando-a “um caso de estudo notável de desenvolvimento sustentável, potenciado pela descentralização administrativa e autonomia”.

Como exemplo, apontou os investimentos em equipamentos e infraestruturas, como a proteção de dois terços do território, protegendo a biodiversidade e ecossistema natural únicos, através de modelos de gestão ambiental com o contributo da engenharia.

Encontro em Cabo Verde

Já Miguel Branco, presidente do Conselho Diretivo da Região Madeira da Ordem dos Engenheiros, reconheceu a importância destes encontros insulares na troca de experiências, procurando soluções diferenciadas para problemas comuns em área como a energia, gestão água, e resíduos, conectividade entre ilhas e continente, quer em meios alternativos de combustíveis quer no caminho da sustentabilidade desses percursos e opções.

Desta feita, o 4.º encontro está já agendado para 2026, em Cabo Verde, de forma a garantir a rotativa e participação das regiões da Macaronésia.

O engenheiro madeirense destacou o contributo que a engenharia pode dar na resposta à pressão crescente do turismo, de forma a evitar fenómenos como o “turismofobia” que começa a sentir-se nos grandes pólos e centros com impacto nas vidas dos locais.

Temas importantes para as regiões serão debatidos ao longo desta sexta-feira, procurando caminhos comuns, num encontro que procura ser abrangente. Aludiu às visitas e sessões de trabalho realizadas ao longo da semana e à satisfação demonstrada pelas comitivas visitantes, em que se mostraram impressionados com as soluções desenvolvidas na RAM.

Miguel Branco registou ainda a consolidação do trabalho associativo através do protocolo da Associação dos Engenheiros Insulares, documento assinado esta manhã no final da cerimónia de abertura pela mão do bastonário da OE português, de Carlos Sousa Monteiro, bastonário da Ordem dos Engenheiros de Cabo Verde, e de Juan Blanco, da União Profissional de Colégios de Ingenieros de Espanha.

A cerimónia contou também com a intervenção de Carlos Sousa Monteiro, bastonário de Cabo Verde, que destacou a importância da sua presença reforçada por sentimento de proximidade com Madeira.

Início em 2019

Refira-se que o Encontro das Associações Insulares Atlânticas de Engenheiros se iniciou em 2019, integrando as regiões da Macaronésia e Baleares, seguindo-se o evento de 2022 em Las Palmas. A Madeira organiza agora a terceira edição deste evento promovido pelo Fórum das Associações Insulares Atlânticas de Engenheiros (FAIA).

O encontro, na Madeira, culminará com a apresentação das conclusões e o encerramento oficial. Este evento bienal reforça o papel da engenharia como motor de desenvolvimento sustentável nas regiões insulares atlânticas e está aberto ao público, promovendo uma ampla troca de ideias e experiências entre os participantes.

A conferência desta sexta-feira foi precedida por dois dias de reuniões de trabalho entre as associações de engenheiros participantes e visitas técnicas a diversas infraestruturas emblemáticas da Região, como o centro de despacho da Empresa de Eletricidade da Madeira, a central de baterias da Vitória e a central hidroelétrica da Serra da de Água e a Estação de Tratamento de Resíduos Sólidos (ETRS) da Meia Serra.

Ao longo do dia, os participantes irão debater ideias, projetos e políticas no âmbito de painéis temáticos com especialistas de todas as regiões participantes, que abordarão temas como energia em sistemas elétricos isolados, gestão de água e resíduos, mobilidade e conectividade e turismo sustentável.

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