Luís Neves, diretor da Polícia Judiciária, avançou hoje, em conferência de imprensa, que a operação contra a corrupção que culminou com a ação da última quarta-feira na Madeira “foi planeada no final de setembro” de 2023, mas admitiu que a investigação tenha “dois ou três anos”, embora sem conseguir precisar a data.
Na conferência de imprensa sobre o caso de corrupção que abalou o Governo Regional e a Câmara Municipal do Funchal, Luís Neves disse esta tarde que estiveram envolvidos nesta ação 140 inspetores e 10 peritos provenientes de Lisboa, e não os “300” que têm sido referidos.
Luís Neves mencionou ainda que “há décadas” que a PJ conta com a colaboração das Forças Armadas para operações como a que ocorreu na Madeira. À pergunta por que motivo então decidiu vir agora prestar esclarecimentos, se afinal já tinha acontecidos casos semelhantes, Luís Neves respondeu que “estava a ser colocada em causa a idoneidade desta operação”.
“Nenhum de nós tem prazer de fazer buscas, porque está em causa a vida privada, mas temos de cumprir [a missão] com os meios adequados”, apontou.
Já sobre o tempo que os três detidos estão a aguardar para serem ouvidos em primeiro interrogatório, em Lisboa, Luís Neves respondeu que “há muita prova recolhida”, - só em material digital foi “mais de uma tonelada” aprendida, apesar de a recolha ter sido “cirúrgica” - pelo que “não vejo que possa haver outro formalismo constitucional que possa mitigar uma situação destas”.
O diretor da PJ sublinhou ainda que esta operação realizada na quarta-feira na Madeira envolveu “107 mandatos na Madeira e 25 no Continente”.
”Foram utilizados 24 meios da Madeira, e se não me falha a memória há 28, portanto, ficaram de fora os do piquete”, complementou, aludindo ao envolvimento da PJ do Funchal nestas operações.
Relativamente à decisão de ouvir os arguidos no Continente, Luís Neves nada disse.
Sobre o mandado de busca que está a circular na Internet, o diretor da PJ disse que o que o preocupava era se o mesmo tivesse sido divulgado antes da operação, mas garantiu que a PJ é “completamente alheia” a fugas de informação, rejeitando também que jornalistas tivessem vindo no aparelho da força aérea ou que soubessem “o que ia acontecer”.
Aliás, sobre a fuga de informações, inclusive para a comunicação social, o responsável disse nada saber. “Desconheço que tenha sido aberto qualquer inquérito sobre a violação do segredo de Justiça, se é que o foi”, respondeu.