É preciso captar os jovens talentos que se formam nas universidades portuguesas para trabalharem no país. Esta uma das principais mensagens deixadas esta manhã pela nova presidente da Região da Madeira da Ordem dos Engenheiros, na entrega de prémios monetários aos estudantes colocados no ensino superior com as três melhores notas de candidatura em cursos de Engenharia.
Beatriz Jardim, que expressou o seu “orgulho” pelo facto de este ter sido o seu primeiro ato oficial após a sua tomada de posse, salientou que há a perspetiva de que “a nossa região é pequenina para estes jovens talentosos, mas o país certamente não será”. A engenheira lamentou “a perda enorme” que representa para Portugal o investimento feito na capacitação e formação dos jovens para que estes depois vão trabalhar para outros países, reconhecendo, contudo, que os salários no nosso país têm de aumentar.
Assim, entende que as experiências profissionais no estrangeiro são muito positivas, mas pede que os jovens regressem ao seu país, porque “Portugal tem de crescer” e, no contexto internacional que se vive, deve ser capaz de se industrializar mais, lembrando que as especialidades de engenharia são muito importantes neste processo.
“Precisamos que os jovens queiram ficar no seu país”, vincou, exortando o único estudante presente na cerimónia, Mathaus João Pita Wany, uma vez que os outros dois premiados não puderam comparecer, a procurar novas experiências, mas a voltar para trabalhar no país onde se irá formar. “Estes jovens talentos, captados para a engenharia, têm de ficar. Se a Madeira é demasiado pequena para estes jovens brilhantes, o país não o será, certamente”.
Para Beatriz Jardim, “a emigração de mão-de-obra tão qualificada, como o caso de jovens engenheiros, representa uma dupla perda para a Região e para o país. Portugal perde, porque investiu na formação desses jovens e porque essa competência é exportada, quando temos de construir um futuro para Portugal”.
Na cerimónia da entrega dos prémios, que surgiram de uma parceria entre a Ordem dos Engenheiros na Madeira e a Secretaria Regional de Educação, Ciência e Tecnologia, Jorge Carvalho destacou a importância que o ensino superior tem para os madeirenses, destacando que atualmente, mais de 90% dos alunos que terminam o ensino secundário prosseguem os estudos.
O governante elogiou a atenção da Ordem dos Engenheiros na Madeira em premiar os melhores alunos que seguem para os cursos de Engenharia, como incentivo aos jovens para a sua vida académica e carreira profissional.
Os premiados desta edição foram, em 1.º lugar, Leandro Teixeira Correia, que ingressou no curso de Engenharia Aeroespacial, no Instituto Superior Técnico, com uma nota de candidatura de 195.8 valores, em 2.º lugar João Tomás Carvalho Gomes, que ingressou no curso de Bioengenharia, na Universidade do Porto, com 194.5 valores e, em 3.º lugar, Matthaus João B. Pita Wany, que ingressou no curso de Engenharia Eletrotécnica e Computadores, no Instituto Superior Técnico, com 194.0 valores. Os prémios têm um valor monetário de 1000€, 750€ e de 500€, respetivamente.
Mathaus Pita Wany, de 19 anos, admitiu, aos jornalistas, que não estava à espera de ser selecionado. O jovem quer fazer o mestrado e trabalhar no estrangeiro, provavelmente na Suíça, país onde o seu pai nasceu. Questionado sobre se não pondera fazer carreira em Portugal, o jovem respondeu que “é uma opção, mas é bom ver lá fora outras oportunidades”.
De salientar que os prémios de mérito são atribuídos pela Região Madeira da Ordem dos Engenheiros aos três alunos que frequentam as escolas da Região e obtiveram as melhores notas de candidatura em cursos de Engenharia, numa parceria entre a RMOE e a SRE, entidade que recebe as candidaturas e procede à ordenação final dos candidatos.