O ex-presidente da Câmara do Funchal Pedro Calado continuou a ser ouvido hoje à tarde em tribunal, em Lisboa, e tem tido “um belíssimo desempenho” nos esclarecimentos, segundo o seu advogado.
“Está naturalmente cansado e está numa situação de privação da liberdade, que (...) é muito desagradável, no entanto está muitíssimo concentrado na sua defesa e está, julgo eu, consciente de que é importante defender-se, e tem tido um belíssimo desempenho no que respeita ao esclarecimento de todas as questões que foram levantadas pelo Ministério Público”, afirmou Paulo Sá e Cunha.
O advogado falava à saída do Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), no Campus de Justiça, em Lisboa, após mais uma sessão de inquirição, que começou pelas 14:30, mas que só pelas 16:30 terá sido retomado o interrogatório ao ex-autarca, entretanto suspenso pelas 17:00.
“No decurso de um processo complicado podem surgir determinados incidentes, suscitados às vezes pelas defesas, claro que isso empata um bocadinho, mas são coisas que nós temos que fazer”, explicou Sá e Cunha, que acrescentou: “O interrogatório começou, está a andar a bom ritmo e eu, enfim, com algum otimismo prevejo que amanhã [quarta-feira] poderemos concluir o interrogatório”.
Segundo descreveu o advogado, as respostas de Pedro Calado “têm sido exaustivas a todas as perguntas feitas”, que como a lei impõe nesta fase processual são conduzidas pelo juiz de instrução criminal e só “depois haverá espaço para esclarecimentos, quer do Ministério Público, quer da defesa”.
O advogado escusou-se a comentários sobre a medida de coação que poderá ser determinada pelo juiz, alegando desconhecer “que medida vai ser pedida”, e que os factos imputados ao seu constituinte têm estado a ser por ele “cabalmente esclarecidos”.
“Os esclarecimentos destinam-se a esclarecer factos, os factos podem indiciar crimes ou não indiciar crimes, portanto, nesta fase aquilo que nós pretendemos é afastar a indiciação de crimes, as medidas de coação têm a ver com outra realidade”, explicou Sá e Cunha, considerando, no entanto, que “não existem perigos absolutamente nenhuns” dos que concorrem para as medidas de coação.
Sobre a renúncia de Pedro Calado ao mandato de presidente da Câmara do Funchal, o advogado advogou que “a renúncia tem a ver com razões de natureza política, não tem nada a ver com o processo judicial”.
Na sua opinião, um político não se deve demitir apenas perante suspeitas ou a condição de arguido, pois a “presunção de inocência vale até ao transito em julgado da condenação” e, no caso de Calado, ainda se está “longe disso”.
Após 14 dias de detenção, Pedro Calado começou a ser ouvido hoje de manhã, durante cerca de duas horas. O interrogatório de Pedro Calado prossegue na quarta-feira a partir das 09:30.
O advogado de Avelino Farinha também disse hoje que o interrogatório judicial ao seu cliente “correu bem”.
“Há sempre coisas que não são exatamente como nós esperávamos, coisas um bocadinho diferentes, como já referi, isto é tudo muito dinâmico, mas correu muito bem”, afirmou Raul Soares da Veiga, questionado à porta do TCIC.
O advogado do empresário admitiu esperar que o Ministério Público “entenda que poderá ter sentido outro tipo de medidas de coação mas não medidas detentivas”, tal como defende, e que essa opinião seja também “a do senhor juiz”.
“Temos pelo menos a esperança que isto concorra para que toda a gente veja as coisas muito bem, que o Ministério Público veja as coisas muito bem, o senhor juiz veja as coisas muito bem, porque há um bocado mais de tempo, é a parte boa de haver mais tempo, e que assim se chegue à conclusão que, de facto, não tem sentido nenhum medidas de coação detentivas da liberdade neste caso”, considerou Soares da Veiga.