MADEIRA Meteorologia

Sindicato Independente dos Trabalhadores da Floresta, Ambiente e Proteção Civil pede moderação no discurso público

Carla Sousa

Jornalista

Data de publicação
21 Agosto 2024
23:00

O Sindicato Independente dos Trabalhadores da Floresta, Ambiente e Proteção Civil pronunciou-se, através de um comunicado, sobre os incêndios que assolam a ilha da Madeira há oito dias e apresenta uma “reflexão sobre a situação atual e propostas para um futuro resiliente”, apelando ainda a uma “moderação no discurso público”.

Veja o comunicado na íntegra:

O Sindicato Independente dos Trabalhadores da Floresta, Ambiente e Proteção Civil (SinFAP) expressa o seu profundo agradecimento e apoio a todos os operacionais que estão na linha da frente deste combate, enfrentando condições extremamente adversas para proteger as comunidades e o território. Reconhecemos o esforço e a dedicação incansável de todos os envolvidos, onde nos chegam relatos de exaustão e dificuldades físicas devido ao trabalho acumulado ao longo destes diversos dias.

A Ilha da Madeira está, neste momento, a enfrentar um incêndio que já dura oito dias, expondo as complexidades e desafios que a RAM – Região Autónoma da Madeira enfrenta na prevenção e combate a incêndios florestais.

A orografia acidentada, os difíceis acessos e as limitações das operações aéreas têm revelado a necessidade urgente de uma revisão profunda das estratégias de resposta e prevenção. Neste momento crítico, é vital que todos os intervenientes, tanto a nível local como regional, mantenham uma comunicação clara, coerente e unificada. Apelamos à moderação no discurso público, evitando declarações que possam desviar o foco das ações necessárias para controlar e extinguir os incêndios.

Torna-se relevante os responsáveis políticos assumirem os seus papeis e concentrarem-se na resolução do problema com disponibilização de meios e recursos aqueles que estão no terreno, sobre as políticas publicas de proteção civil ou a falta delas será tema a debater pós ocorrência e aí cada uma terá de assumir as suas reais responsabilidades.

Somos da opinião que diante uma catástrofe desta envergadura, exigir demissões sem soluções é apenas um exercício simplista e bacoco, exigimos sim que se agreguem forças e se extinga o incêndio. Após isso, deve haver lições apreendidas e com isso apresentar soluções (que é o que nos move) e cada decisor perceber se agiu corretamente e se tem condições de se manter no lugar que ocupa.

Antes de pensarmos em mudanças precisamos de arranjar soluções já com vista ao inverno e há época de chuvas que irão trazer problemas para a RAM, assim somos da opinião que se devia desde já: 1. Avaliação dos danos em infraestruturas afetadas pela passagem do incêndio bem como verificar o estado da vegetação na IUF (por exemplo árvores em risco de queda) por forma a validar as suas condições de segurança para o retorno da população deslocada e para reposição da normalidade;

2. Avaliação da necessidade de apoio psicológico à população ou aos operacionais;

3. Controlo da erosão dos solos após perda de cobertura vegetal, utilizando técnicas como plantio de cobertura, construção de barreias ou estabilização de encostas (a orografia da Madeira potência esta situação!);

4. Implementar programas de reflorestação com espécies nativas para restaurar o ecossistema;

5. Proteger e monitorizar as fontes de água para evitar contaminação por cinzas e outros detritos, e garantir que os sistemas de abastecimento de água estão a funcionar corretamente;

Diante os desafios enfrentados, acreditamos que é essencial uma revisão e fortalecimento das estratégias de planeamento e prevenção de incêndios na Ilha da Madeira.

Como nos pautamos por ser solução e não mais um problema propomos:

1. Mapeamento Detalhado das Áreas de Risco

2. Infraestruturas de Prevenção (ex. aceiros, pontos penetrantes em zonas de difícil acesso e pontos de água).

3. Apoio à Agricultura e Manutenção da Paisagem (ex. Incentivos à agricultura sustentável e à manutenção da paisagem rural).

A capacidade de resposta aos incêndios na Ilha da Madeira também necessita de melhorias significativas, assim defendemos:

1. A Valorização Salarial dos Bombeiros

2. Reforço dos Meios Humanos e Materiais

3. Melhoria das Operações Aéreas (revisão e expansão dos meios aéreos, com ênfase em aeronaves adaptadas para operar em áreas de difícil acesso e em condições meteorológicas adversas).

4. Formação e Exercícios de Proteção Civil Finalmente, olhamos para o futuro com a convicção de que é possível transformar a Madeira num exemplo de resiliência e preparação. Onde propomos:

1. Criar um Plano Integrado de Gestão de Incêndios

2. Sistemas de Monitorização e Alerta Baseados em Inteligência Artificial

3. Uso de Drones para Vigilância e Intervenção Rápida

4. Criar Faixas Verdes de Vegetação Nativa Resiliente ao Fogo

5. Infraestrutura de Aceiros

6. Aplicação de Tintas Retardantes de Fogo em Infraestruturas Críticas

7. Reforço da Capacidade de Intervenção Local com Equipas de Resposta Comunitária

8. Aproveitamento de Energia Solar para Sistemas de Irrigação Automatizada

9. Programas de Incentivo à Agricultura Regenerativa

10. Campanhas de Sensibilização com Realidade Virtual (RV)

11. Desenvolvimento de Parcerias com Instituições Científicas para Pesquisa e Inovação

12. Investir em estudos sobre os efeitos a longo prazo dos incêndios no ecossistema local e nas comunidades, utilizando os dados para melhorar as políticas públicas.

Acreditamos que, com a implementação destas medidas, poderemos reduzir significativamente o impacto dos incêndios na Ilha da Madeira, protegendo não só o ambiente natural, mas também as vidas e o bem-estar da comunidade e apostando na capacitação e no reforço dos trabalhadores que compõem o sistema de proteção civil da RAM.

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