A Igreja Católica venezuelana pediu hoje igualdade de direitos e de condições para todos aqueles que pretendam concorrer às eleições presidenciais de julho, lamentando que estejam a ser cometidos muitos erros no período que antecede o escrutínio.
“Estão a ser cometidos muitos erros que não nos ajudam a ter um clima de paz (...), que haja regras claras e que sejam aplicadas a todos por igual”, afirmou o arcebispo de Caracas.
“É o que permite que a sociedade no seu conjunto, todas as pessoas, possam continuar as suas atividades diárias, sem um sentimento de incerteza do que vai acontecer”, acrescentou.
Baltazar Porras falava à rádio Circuito Êxitos sobre a situação política venezuelana, no mesmo dia em que a professora e opositora venezuelana Corina Yoris acusou novamente o Conselho Nacional da Venezuela de tentar impedir a sua candidatura às eleições presidenciais, agendadas para 28 de julho.
“Tudo o que cria divisão e favoritismo de um lado ou de outro não é bom para a convivência social”, frisou o representante religioso.
Nas mesmas declarações, o arcebispo de Caracas recordou o apelo do Papa Francisco pela tranquilidade e pelo respeito.
“Todos precisamos uns dos outros e temos de nos respeitar mutuamente e, em primeiro lugar, ouvir o que o povo clama, quais são as suas necessidades, que vão para além da ideologia e de uma atitude de ódio (...). Temos de valorizar muito a capacidade dos venezuelanos comuns para procurar soluções de forma pacífica e não através de abusos de qualquer tipo, nem através do aproveitamento da quota de poder que possamos ter sobre uma parte da sociedade”, disse.
Segundo Baltazar Porras, isso é necessário para poder viver “em verdadeira paz”, uma paz, segundo defendeu, sustentada entre outros aspetos na tranquilidade e na igualdade de oportunidades.
“Há uma coisa que devíamos ter clara: qualquer cidadão tem o direito de se inscrever [como candidato para as eleições presidenciais]”, disse o representante, sublinhando que depois essa mesma candidatura deve ser verificada se conta com o número de assinaturas necessárias, do apoio de um partido, com base “em regras que têm de ser iguais para todos”.
O arcebispo disse ainda que a Igreja Católica venezuelana tem recebido muitas denúncias de falhas no sistema de recenseamento eleitoral, defendendo que este processo “também tem de ser mais transparente”.
Termina hoje na Venezuela o prazo de apresentação de candidaturas para as presidenciais de 28 de julho, nas quais Nicolás Maduro será candidato a um terceiro mandato de seis anos.
A candidatura de Nicolás Maduro será oficializada ainda hoje pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV, o partido do Governo).
Corina Yoris foi designada como substituta de María Corina Machado para concorrer contra Maduro.
María Corina Machado, favorita nas sondagens, foi indicada como candidata da aliança opositora Plataforma Unitária Democrática (PUD) depois de vencer as eleições primárias em outubro, mas foi privada do seu direito de ocupar cargos públicos durante 15 anos e na sexta-feira nomeou como substituta Corina Yoris, filósofa e professora universitária, de 80 anos.