O patriarca de Lisboa alertou hoje que se vive “a atrocidade da bipolarização, que impõe a obrigatoriedade da provocação, do confronto inconciliável, que apenas gera divisão e é incapaz de fomentar uma cultura de cooperação e inclusão”.
Rui Valério falava na homília do dia de Natal na Sé Patriarcal de Lisboa, que esteve repleta de pessoas, entre fiéis e turistas que aproveitaram a ocasião para assistir aos cânticos e à missa de Natal e conhecer o interior desta igreja secular.
“O Natal, celebração por excelência do acolhimento, é um convite à disponibilidade, para fazer dessa abertura um traço da nossa identidade”, disse Rui Valério na primeira missa a que presidiu como patriarca de Lisboa.
Para o prelado, existe a necessidade de gerar espaços “para receber e acolher” os que mais necessitam como os que estão “em busca de trabalho, de pão e de melhores condições de vida”.
“Vivemos hoje, culturalmente, a atrocidade da bipolarização, que impõe a obrigatoriedade da provocação, do confronto inconciliável, que apenas gera divisão e é incapaz de fomentar uma cultura de cooperação e inclusão, de que tanto necessita o nosso País, particularmente num momento tão decisivo como o que estamos a viver”, reiterou Rui Valério.
Assim, disse ainda: “Para além de iluminar a relação com os estrangeiros, também envolve os que nos estão mais próximos e partilham connosco da labuta quotidiana pela construção de dias mais verdadeiros e solidários”.
Nas palavras do patriarca, a perda de referências ao Pai Santo, significa “privar o ser humano da sua principal identidade pessoal, que é ser seu filho, e filho muito amado” e “a proposta que emerge do Natal, mostra o quanto e o que o próprio ser humano perde quando separado de Deus, o sentido da plenitude da vida”.
Na missa de Natal, que durou cerca de hora e meia, falou sobretudo do acolhimento, mas também da “imagem renovada do ser humano, que irrompe do Nascimento de Jesus”.