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Artigo de Opinião

Diretor

28/03/2024 15:57

Estão cobertos de razão os social-democratas e cidadãos de outras sensibilidades políticas que se sentem indignados pela forma como Marcelo Rebelo de Sousa tratou a crise política da Madeira. Desde o início que o processo foi enviesado, mesmo que sustentado na lei e no poder do Presidente.

Mas esta reta final era totalmente dispensável. Esta humilhação de chamar os partidos não para os ouvir, mas para o ouvirem dizer de manhã o que ia transmitir à tarde ao presidente do Governo Regional... Isso não faz sentido e é uma afronta.

Marcelo ainda se pode tentar resguardar na reserva que terá pedido aos dirigentes com quem foi falando. É possível que o tenha feito. E também não ficou bem aos dirigentes ouvidos antes serem eles a dizer o que ainda não tinha sido dito a Miguel Albuquerque.

Faltou sentido de Estado.

O Presidente é um experiente político, é um estratega e não tem nada de ingénuo. Logo não podia ter feito isto de chamar os partidos e ir derramando informação como quem conta um conto à porta da igreja à saída da missa de domingo.

Isto que fez ao guardar segredo durante dois meses para o desbaratar aos partidos mais pequenos primeiro e só no fim do dia a quem foi eleito presidente do Governo Regional em setembro passado é comparável ao treinador que informa os suplentes da equipa que vai a jogo antes de convocar os titulares. Isso não faz sentido.

Com a atitude de ontem, Marcelo Rebelo de Sousa desrespeitou a coligação PSD/CDS, brincou com o PAN, divertiu-se com o rebuçado que deu a todos os outros seis partidos e ignorou o Conselho de Estado, que só soube o que todos já sabiam ao final da tarde de ontem.

Foi muita soberba num só dia.

O que era expectável era o Presidente chamar os partidos para os ouvir, mesmo que tivesse bem definida a sua ideia sobre o assunto. E parece claro que não havia muita margem para outra decisão que não a dissolução da Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira. Apesar das vitórias da coligação regional em setembro e em março e até da vitória interna de Albuquerque. Mas até esse capital conseguiu ser desbaratado em simples audiências com oito partidos antes de o comunicar ao partido mais votado a escassos seis meses.

Para quem vive e respira política, esperava-se mais. Muito mais. Isto que fez é política de aldeia. E Marcelo é chefe de Estado, não é o presidente da Junta.

Para política doméstica já chega o que foi feito ao longo de dois penosos dias para a democracia portuguesa com a eleição do presidente da Assembleia da República. Aquele lodaçal que termina com uma presidência partida em dois não só não augura nada de bom, como antecipa um triste espetáculo parlamentar que vai estar em cena durante os próximos tempos.

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