Um total de 58 crónicas de Sandra Cardoso, publicadas essencialmente entre 2017 e 2019, no JM-Madeira, foram reunidas e publicadas no novo livro ‘Contos Insularados’, que hoje está a ter o seu lançamento no Teatro Municipal Baltazar Dias, com apresentação do diretor do JM, Miguel Silva, do presidente da Assembleia Legislativa da Madeira, José Manuel Rodrigues e do vice-presidente da Câmara Municipal do Funchal Bruno Pereira.
É a rubrica que a antiga jornalista e atual diretora de Comunicação e Relações Públicas da Serviços Partilhados do Ministério da Saúde assina quinzenalmente neste Jornal que dá nome à obra publicada peça editora Esfera D’ideias. Pelas páginas desta obra, a autora revisita outros tempos com o olhar de quem saiu da ilha sem nunca a perder de vista. “Não são só memórias, nem é apenas ficção. É romance, às vezes tragédia, melancolia, comédia e tradição num eterno regresso a casa”, refere a sinopse.
Conforme anteriormente noticiado, as crónicas divulgadas no Jornal estão aqui organizadas em três capítulos: ‘Terra d’aquitrodia’, ‘Gente da nossa Terra’ e ‘Terra-mãe’. Originalmente, refira-se, a edição deste conjunto de textos estaria apontada para 2020, mas acabou por ser adiada por “vicissitudes várias”. Acontecendo agora, conta com um acrescentado capítulo no qual consta apenas uma crónica mais recente, de 2023, intitulada de ‘Terra d’Amanhã’.
A apresentação, assistida no Salão Nobre do TMBD por amigos, colegas e familiares da autora, assim como várias entidades arrancou com uma leitura de um trecho do livro a cargo do ator Ricardo Brito.
Miguel Silva, diretor do JM, enalteceu a escrita de Sandra Cardoso, que acompanha desde as lides informativas durante a carreira jornalística da autora. Para rir ou para verter uma lágrima, “há muito para refletir” nas páginas de ‘Contos Insularados’, que propõe “muito para além de contos publicados”.
“Há crónicas com cheiro, com paisagens, sabores e pessoas”, que proporcionam uma janela para olhar sobre uma Madeira que é um lugar de Sandra Cardoso e agora dos leitores, conforme destacou Miguel Silva.
“Um momento de grande felicidade pessoal”
Sandra Cardoso não escondeu a “grande felicidade pessoal” por ver as suas crónicas desenvolvidas desde 2017 publicadas em livro. Crónicas estas que começou a escrever pouco tempo depois de deixar a profissão de jornalista, algo que nunca deixou de fazer parte da pessoa que é.
Honrar os regionalismos, as gentes da Madeira e a saudade que sentia impulsionou o exercício de escrita que nunca deixou de ter um enorme retorno emocional, que teve neste momento “o seu expoente máximo”. “Mais do que pequenas memórias de infância, são a minha voz”, salientou Sandra Cardoso, que quis sublinhar nesta ocasião que a nossa voz nunca deve deixar de se fazer ouvir, sobretudo em tempos conturbados e de “ameaças à democracia”.
Após uma segunda leitura de Ricardo Brito que cativou e envolveu toda a plateia, Bruno Pereira usou da palavra para referir que entende estar claro que existe uma poesia e uma prosa que refletem a realidade de ser ilhéu, entendendo que a ilha nunca sai de nós mesmo quando saímos da ilha. Da parte da CMF, fica o compromisso de continuar a reservar uma parcela significativa para a cultura, com o vice-presidente a crer que a sociedade não é capaz de funcionar em pleno sem cultura.
Por fim, José Manuel Rodrigues disse que é um prazer ler, de 15 em 15 dias, as crónicas da sua amiga Sandra Cardoso. O presidente da ALRAM entende que as crónicas, que entende ser o estilo jornalístico de “mais difícil” escrita, têm uma clara presença insular de quem quis sair da ilha mas mantém uma esperança e vontade de voltar. Contudo, “Sandra Cardoso fez do mundo a sua ilha” ao escrever a insularidade com “uma grande universalidade”, apontou.
Para quem não teve oportunidade de rumar ao TMBD para conhecer estes ‘Contos Insularados’, Sandra Cardoso irá também dar a conhecer esta coleção de crónicas na Feira do Livro de Santa Cruz, amanhã, 25 de abril, às 12 horas, estando ainda previsto um lançamento em Lisboa, na Biblioteca do Palácio Galveias, a 9 de maio, um momento que contará com o autor do prefácio da obra, João Soares.