Portugal defrontará uma França com processos práticos e frieza em zonas de definição na sexta-feira, nos quartos de final do Euro2024 de futebol, projeta o treinador João Nuno Fonseca, adjunto de três clubes gauleses desde 2018/19.
“Olho para esta França como uma equipa extremamente pragmática. Eles não irão fazer aquilo que ainda não fizeram [nas partidas anteriores], sobretudo contra nós, que somos muito mais uma equipa de posse. Vão respeitar-nos como sempre, mas, como têm essa capacidade de serem pragmáticos, serão letais. Até nos momentos com bola, temos de estar vivos e prontos para antecipar certos movimentos”, disse à agência Lusa o técnico, que trabalhou no Nantes (2018/19), no Stade de Reims (2021/22) e no Valenciennes (2023/24).
Portugal e França lutam pelo acesso às meias-finais da 17.ª edição do Europeu na sexta-feira, a partir das 21:00 locais (20:00 em Lisboa), no Volksparkstadion, em Hamburgo, na Alemanha, oito anos depois do triunfo luso sobre os ‘bleus’ (1-0, após prolongamento) na decisão de 2016, no Stade de France, em Saint-Denis, graças ao tento do suplente Éder.
“A expectativa é alta, tendo em conta aquilo que fizemos na qualificação, mas que ainda não estamos a fazer nesta fase do Europeu. Acho que nos falta muito coletivo para o que valemos no plano individual. Eu sei que não é fácil e sinto que o trabalho do selecionador em conseguir dar uma intenção de jogar [à equipa] em tão pouco tempo é extremamente exigente, mas a análise da França e das suas debilidades - a partir das quais poderemos ser fortes -, terá de ser feito de forma exímia ou corremos o risco de vir embora”, alertou.
Portugal precisou do desempate por grandes penalidades (3-0, após empate 0-0 nos 120 minutos) para superar a Eslovénia nos ‘oitavos’, enquanto a vice-campeã mundial França bateu a Bélgica (1-0) com um autogolo de Jan Vertonghen, ex-defesa central do Benfica.
“A maneira como temos de ser proativos face aos franceses será determinante. O nosso caráter e crença são enormes, mas há que ter a capacidade de não olhar ao passado e entender que esta é a altura certa para nos fazermos valer como seleção e terminar com muitas das críticas que têm vindo a ser feitas ultimamente”, desejou João Nuno Fonseca.
As duas seleções medem forças pela quinta vez em duelos a eliminar nas fases finais de grandes competições, sendo que Portugal comanda em média de posse de bola por jogo (65,2%) e em ataques (306) no Euro2024, mas só anotou cinco golos nas quatro partidas efetuadas, mais dois do que a França, que tem o ataque menos eficaz dos oito finalistas.
“A forma como vamos defender terá de ser mais em ‘4-4-2’ para que, pelo menos, exista superioridade nos momentos sem bola. Atendendo ao expectável ‘4-3-3’ da França, será determinante a capacidade de os nossos alas baixarem um bocadinho mais no terreno e criarem superioridade nesses flancos. Caso contrário, vamos ter muitas dificuldades para gerir as movimentações atacantes, seja do Marcus Thuram, seja do Kylian Mbappé, e a capacidade de os médios entrarem com afinco no último terço para rematar”, enquadrou.
João Nuno Fonseca, de 35 anos, quer mais chegada às zonas de finalização dos médios da equipa orientada pelo espanhol Roberto Martínez, que voltou no último jogo ao ‘4-3-3’ utilizado no êxito sobre a Turquia (3-0), da segunda jornada do Grupo F, prescindindo do ‘3-4-3’ improvisado como sistema-base nas outras partidas da primeira fase - vitória com reviravolta tardia frente à República Checa (2-1) e derrota ante a estreante Geórgia (0-2).
“A capacidade de sermos um pouquinho mais verticais em espaços interiores é um ponto fulcral no qual precisamos de insistir. Isto é, não haver tanto uma circulação de bola mais lateralizada, mas mais vertical e a fazer com que os franceses sofram pelo meio. Vamos forçar nas zonas onde eles estão mais povoados, mas é nesses espaços curtos que nós, com toda esta qualidade que temos ao dispor, poderemos ser mais decisivos”, terminou.